Há 10 anos, em São Januário, Fluminense perdia Copa do Brasil para o Paulista-SP; presidente revela pedido de Eurico

Quinta-feira, 21/05/2015 - 10:51
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O Paulista venceu a Copa do Brasil em 2005 em sua primeira participação no torneio. Este feito histórico para o clube e para Jundiaí, na visão do ex-presidente do Galo, Eduardo Palhares, foi a maior alegria da vida dele como dirigente. Palhares comandou o Tricolor entre maio de 1998 e fevereiro de 2010.

“Falo isso, inclusive para as minhas filhas, que entendem a importância do feito. Foi um momento único e confesso que minhas pernas ficaram bambas no caminho até o gramado de São Januário, quando a final estava para se encerrar”, disse ele, cheio de lembranças marcantes da conquista.

Palhares é o personagem da 17ª reportagem especial sobre os dez anos da conquista da Copa do Brasil, publicada pelo Jornal de Jundiaí Regional aos domingos até 22 junho - data da conquista do título diante do Fluminense, no Rio de Janeiro.

No primeiro jogo da final, em Jayme Cintra, o Galo venceu por 2 a 0 (gols de Márcio Mossoró e Léo Aro). A segunda partida aconteceu no Estádio São Januário, campo do Vasco da Gama. Antes da decisão, Eduardo Palhares foi recebido na sede do clube cruzmaltino por nada mais nada menos que o polêmico presidente Eurico Miranda (que recentemente reassumiu o cargo no clube carioca).

Segundo Palhares, ele foi bem tratado pelo anfitrião, que lhe mostrou as centenas de troféus do Vasco, lhe ofereceu seguranças e um camarote no estádio para acompanhar à decisão. No entanto, Eurico lhe fez um pedido especial: “Só não deixe o Fluminense ganhar a taça no meu estádio”.

Minutos antes do fim do jogo (empate sem gols), no dia 22 de junho, que dava o título da Copa do Brasil ao Paulista, Palhares e o vice-presidente de futebol do Galo na época, Luiz Roberto Raymundo (Pitico), andaram por um corredor até o gramado, para quando o juiz encerrasse o confronto, pudessem fazer a festa com os atletas. “Não lembro como chegamos à beira do gramado. O primeiro que eu abracei foi o Pitico, depois veio o Dema. Éramos campeões da Copa do Brasil e eu fui abençoado, por viver a maior alegria da minha vida”, desabafou.

Problemas financeiros

O ex-presidente lembra que já em 2005, o time que comandava já tinha problemas financeiros. “Na ocasião, nossa dívida girava em torno de R$ 5 milhões, mas conseguimos contornar as adversidades com um time bastante unido e um grande treinador. Mantivemos um legado da época da Parmalat: a nossa categoria de base. Vários atletas daquela equipe vieram do sub-15, sub-17 e sub-19”, revelou.

De acordo com ele, a expectativa no Estádio Jayme Cintra era passar da primeira fase da Copa do Brasil. No torneio, o Paulista passou por Juventude, Botafogo, Internacional, Figueirense, Cruzeiro e Fluminense.

Entre tantas histórias que marcaram as pessoas envolvidas com o Paulista naquela época, uma é destacada por Eduardo Palhares, antes do jogo de volta das quartas de final, diante do Internacional (o Colorado havia vencido o jogo ida por 1 a 0, em Porto Alegre).

“O Paulista contratou o meia Juliano (que havia se destacado no União São João de Araras) e tinha pressa para inscrevê-lo na CBF, para poder ter o atleta à disposição no jogo de volta em Jayme Cintra. O time estava concentrado em Itu e quando o Juliano foi para lá, na véspera da partida, o carro dele quebrou. Eu emprestei meu carro para ele chegar rápido na concentração e depois, como tinha um compromisso, segui para lá de táxi.

Moral da história: o Juliano, que é canhoto, entrou contra o Inter e fez o gol da vitória (1 a 0) de pé direito. Como são as coisas...”, contou o ex-dirigente.

Para Palhares, a classificação sobre o Colorado, nos pênaltis, foi um divisor de águas na campanha rumo ao título da Copa do Brasil. A lembrança que segue na memória do ex-presidente tricolor é a convivência com Vágner Mancini e seu auxiliar, Wagner Lopes, com os atletas.

“O ambiente era dos melhores. Quanto ao Mancini, torço por ele até hoje, a não ser que o time que o contratar enfrente o meu Santos. O Vágner tem grandes qualidades: é justo, equilibrado e dá confiança aos atletas, além de ser um grande profissional. Com um gesto apenas, mudava o jeito do time jogar. Seus comandados jogavam por ele. Nunca esquecerei de quando o Mancini chamou a atenção dos atletas no intervalo do jogo diante do Cruzeiro no Mineirão, na semifinal, com o Paulista perdendo por 3 a 0 e sendo eliminado na ocasião. Ele perguntava se os jogadores queriam parar por ali, o que funcionou bem, porque voltamos para o segundo tempo diferentes, marcamos dois gols e nos classificamos para a final mesmo perdendo por 3 a 2”.

Novo Paulista

Palhares finalizou revelando que dá total apoio ao Projeto Novo Paulista e que não quer mais presidir o Galo. “Este grupo que assumiu o clube tem que fazer o que está fazendo. É a solução para os problemas do Paulista e, no que eu puder, incentivarei comerciantes e cidadãos a ajudar financeiramente, nem que seja uma pequena quantia. Quanto a presidir o clube de novo, isso não me passa pela cabeça. Meu ciclo como dirigente máximo do clube terminou”.



Fonte: Jornal de Jundiaí