PELÉ, O VASCAÍNO MAIS FAMOSO DO MUNDO
É isso aí. Pelé é vascaíno, todo mundo já está careca de saber disso. Está certo, que, de vez em quando, para agradar uns e outros, Pelé declara que tem alguma simpatia por este ou aquele time ou então deixa que lhe atribuam paixões clubísticas de acordo com as circunstâncias. Quer alguns exemplos? Na edição especial da Revista Placar sobre o Rei, em março de 1999, ele disse que seu time de infância era Atlético-MG porque seu pai lá havia jogado. Quando o livro "De Édson a Pelé", que conta a infância de Pelé, foi lançado, especulou-se que os "jogadores" de seu time de botão preferido levavam o escudo do Corinthians. Pronto: inventaram que Pelé era corintiano. O próprio Rei disse, em 1997, quando o Racing da Argentina estava prestes a ter seu estádio penhorado, que torcia para aquele time argentino. Muita gente acreditou. Chegaram até ao cúmulo do mau gosto de afirmar que Pelé seria flamenguista (argghhhh!) por causa de um de seus ídolos de infância, Dida. Tudo bem. Todos os torcedores têm o direito de se iludir por pelo menos alguns dias acreditando que Pelé realmente torce para o time deles. O que pouca gente sabe é que o nome VASCO DA GAMA começou a ser "martelado" na cabeça de Pelé muito, muito mais cedo do que se imagina. Quando ele tinha 3 ou 4 anos e ainda era conhecido apenas por Édson, divertia-se vendo os treinos do pai, "seu" Dondinho, que jogava no Vasco da Gama, de São Lourenço-MG. O maior ídolo do pequeno Édson, além de seu pai, é claro, era o goleiro do time, que se chamava Bilé. Édson dizia a todos que queria ser como Bilé quando crescesse, mas, como não conseguia pronunciar o nome do goleiro corretamente, acabava saindo "Pilé", apelido que rapidamente derivou para "Pelé". Ao se mudar para Bauru com a família, em 1944, Pelé já tinha seu apelido formado. Numerólogos dizem que "Pelé" é um nome cujos fluidos positivos seriam mais do que propícios à formação de um campeão (teria sido Pelé um perna-de-pau se tivesse adotado o nome Édson?). Estudiosos da Bíblia dizem que, em textos do antigo testamento, estava prevista a vinda de um "Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade", e que seu nome seria "Maravilhoso", ou... "Pele", em hebraico. O fato é que, sejam quais forem as explicações místicas, Pelé entrou no time do Bauru Atlético Clube e fez miséria por lá até que, aos 15 anos, foi levado para o Santos Futebol Clube. É nessa época que o Vasco aparece pela segunda vez na vida de Pelé. Conta-se que o então diretor de futebol do Vasco, Antônio Soares Calçada, viajou a Santos em busca de três titulares do time praiano para reforçar o Vasco. O presidente do Santos, Modesto Roma, nem quis conversa e ofereceu Pelé por empréstimo. Calçada se interessou pelo jovem, mas quis comprá-lo, oferta que não agradou o dirigente santista. A negociação morreu ali. Só que o mundo do futebol dá voltas e, lá pelos idos de 1957, Vasco e Santos formaram um combinado para jogar alguns amistosos. Ficou acertado que, nos amistosos jogados no Rio de Janeiro, o combinado atuaria com a camisa do Vasco; nos amistosos em São Paulo, a equipe atuaria com a camisa do Santos. Seria a chance de Pelé vestir a camisa do Vasco pela primeira vez. No dia 19 de junho de 1957, Pelé entrou em campo no Maracanã para enfrentar o Belenenses de Portugal. O combinado formou com Wagner, Paulinho de Almeida e Bellini; Urubatão, Braune e Ivan; Iedo (Artoff), Álvaro, Pelé, Jair da Rosa Pinto (Waldemar) e Pepe. Um timaço, que goleou o time português por 6 a 1 com 3 gols de Pelé - um deles driblando toda a defesa adversária. Três dias depois, no dia 22/06/1957, o Combinado Vasco/Santos novamente iria ao Maracanã para duelar com um time estrangeiro. Desta vez, o Dínamo de Zagreb, da Iugoslávia. O jogo terminou empatado em 1 a 1, com Pelé deixando sua marca. No dia 26 de junho, o Combinado foi a campo mais uma vez, para empatar com o Flamengo também por 1 a 1. Adivinhe que fez o gol? Ele mesmo, Pelé. O Combinado partiu para São Paulo e só faria mais um jogo, contra o São Paulo (1 x 1, gol de Pelé novamente). Porém, os cinco gols de Pelé - na época um moleque de 16 anos - com a camisa do Vasco em apenas três jogos chamariam a atenção de Sílvio Pirillo, então técnico da Seleção, que o convocou para um jogo contra a Argentina no Maracanã. O Brasil perdeu por 2 a 1, mas Pelé entrou no segundo tempo e fez o gol de honra da Seleção Brasileira. A partir daí, Pelé não pôde mais se dar ao luxo de vestir a camisa do Vasco. Foram 18 anos envergando as camisas de Santos, Seleção das Forças Armadas, Seleção Paulista, Seleção Brasileira e Cosmos, equipes pelas quais conquistou 59 títulos e marcou mais de 1200 gols. Depois de aposentado, no entanto, Pelé até vestiu outras camisas, como as da Seleção da Nigéria, da Seleção da Região Sudeste, do Flamengo e do Fluminense (essas duas últimas provavelmente muito a contragosto). Entre 1957 e 1974, o Vasco enfrentou o Santos com Pelé 20 vezes. Foram 8 vitórias de cada lado e 4 empates. Quatro destas partidas ficaram marcadas para sempre no coração dos vascaínos (nem sempre por terem tido um desfecho favorável ao Vasco, pois, como se sabe, enfrentar o Santos de Pelé era dose!): 1- No Torneio Rio-São Paulo de 1959, o Vasco liderava com certa tranqüilidade a competição e só uma derrota para o Santos no último jogo tiraria o bicampeonato de São Januário (o Vasco havia sido campeão em 1958). Pois o Santos, comandando por Pelé, venceu brilhantemente o Vasco por 3 a 0 e ficou com o título. O jogo foi disputado em 17 de maio de 1959. 2- Em 1963, também pelo Torneio Rio-São Paulo, ocorreu um fato que até hoje é lembrado. Vasco e Santos se enfrentavam no Maracanã e o Vasco vencia por 2 a 0. Passamos a palavra a Pelé: "Naquele dia, o Brito e o Fontana (zagueiros do Vasco) me encheram demais. Quando a bola saía, um deles a chutava para mais longe, aproveitando que, naquela época, não havia tantos gandulas. Depois, falavam: 'É, crioulo, essa não dá mais...'. Só que, quando faltavam 3 minutos pro jogo terminar, fiz um gol, descontando para dois a um. Faltando dois minutos, fiz outro. Aí peguei a bola, dei pro Fontana e disse: 'Tá vendo isso aqui? Leva pra sua mãe de presente'". Num programa de TV em 1997, o vascaíno Nélson Piquet encontrou Pelé e declarou: "Uma das poucas vezes que eu fui no Maracanã foi nesse jogo, em que estávamos ganhando de 2 a 0 e ele fez dois gols. Nesse dia eu acho que se encontrasse ele na minha frente, matava ele! Mas depois que soube que ele era vascaíno, eu o perdoei". 3- No dia 19 de novembro de 1969, o mundo literalmente parou para ver a partida em que poderia sair milésimo gol do Rei, justamente contra o... Vasco. O goleiro vascaíno Andrada fechou o gol naquela partida válida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, mas, aos 38 minutos do segundo tempo, Pelé fez, de pênalti, o gol que até hoje é considerado "o gol do século". Andrada virou "o arqueiro do Rei" e até a segunda viagem do homem à Lua passou despercebida perto de um acontecimento tão grandioso aqui na Terra. 4- Em 14 de outubro de 1973, o Santos veio ao Rio de Janeiro para encarar o Vasco pelo Campeonato Brasileiro. Seria a primeira vez em que o maior ídolo do Santos estaria frente a frente com o futuro maior ídolo do Vasco: Pelé versus Roberto Dinamite. Muitos achavam que Dinamite, aos 19 anos, iria se intimidar diante do Rei, mas não foi isso que se viu: aos 34 minutos de jogo, o lateral vascaíno Paulo César enfiou na medida para Roberto que, ganhando de Carlos Alberto Torres na corrida, emendou para o gol num sem-pulo indefensável. Pelé foi cumprimentar o vascaíno pelo gol e declarou ao fim do jogo: "Este foi o gol mais bonito que eu vi nesse Campeonato Brasileiro. Se esse garoto for bem trabalhado, será um craque". Proféticas palavras: Roberto Dinamite se tornaria o maior artilheiro da História do Vasco com 700 gols em 1100 jogos. Se contar a relação de Pelé com o Vasco já toma tanto espaço, continuar falando sobre a vida e a carreira do Rei exigiria vários e vários megabytes. Diga-se, portanto, somente que a marca Pelé é mais conhecida no mundo do que a Coca-Cola; que a Nigéria e a Biafra interromperam uma guerra em janeiro de 1969 para que o Santos de Pelé pudesse jogar no local; e que durante a Copa de 1966, na Inglaterra, ninguém menos que os Beatles quiseram conhecer Pelé mas foram barrados na concentração da Seleção. Que outra figura contemporânea exerceu tamanho poder sobre os homens da Terra? Feliz aniversário, Pelé! Esta é a modesta homenagem da NETVASCO ao Atleta do Século. |
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