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Home | Especial | Eurico x Globo | Depoimento de Eurico - 10/01/2001


DEPOIMENTO DE EURICO MIRANDA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS SOBRE O ACIDENTE EM SÃO JANUÁRIO - 10/01/2001

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Srs. Deputados, senhores e senhoras presentes, solicitamos silêncio para reabertura dos nossos trabalhos. Gostaríamos de dizer que, na parte da tarde da reunião, nós vamos ouvir um depoimento do Deputado Eurico Miranda, com as informações sobre os acontecimentos do último dia 30 de dezembro, relacionados com o jogo final da Copa João Havelange entre o São Caetano e o Vasco da Gama, realizado no Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro. Gostaria também de informar aos Srs. Deputados que, logo após essa reunião, com as informações do Deputado Eurico Miranda, nós teremos uma outra reunião reservada, para tratar de votação de requerimentos, de votação de requerimentos e de agenda. Portanto, pedimos a permanência de todos os Srs. Deputados após o encerramento do depoimento do Deputado Eurico Miranda.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Sr. Presidente, para uma questão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Com a palavra o Deputado José Genoíno, para uma questão de ordem. Tem a palavra V.Exa.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Eu faço essa questão de ordem já apresentando na forma de requerimento a V.Exa. E eu acho que é o momento agora de fazer esse requerimento, até para que não vá nenhuma dúvida sobre a neutralidade, a posição arbitral desta CPI em relação aos episódios que nós vamos ouvir o depoimento, nem no sentido de julgamento, nem no sentido de absolvição. Por isso que eu formulo a questão de ordem na forma de requerimento, para que a CPI constitua uma comissão da própria CPI, para acompanhar as investigações, o levantamento, a perícia que está sendo feita no estádio, que não se realizou a final do campeonato da Copa João Havelange. Como eu ouvi essa posição lúcida de V.Exa., dando declaração à imprensa, - e é uma posição que não é de julgamento, nem no sentido nem no outro, mas de que a CPI possa acompanhar - então, eu formulo a V.Exa. esse requerimento para apreciação agora ou no momento adequado, a depender da Presidência desta Comissão Parlamentar de Inquérito.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - A Presidência, por nada ter contra a formulação e o requerimento do Deputado José Genoíno, se propõe a submetê-lo imediatamente à votação.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Sr. Presidente, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Pela ordem, Deputado Eurico Miranda.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu acho que V.Exa. poderia também informar ao Deputado José Genoíno que era, pelo menos foi o que a, o que essa Presidência já tinha me informado que essa comissão iria ser constituída hoje, ia ser aprovado esse requerimento. Quer dizer, então, eu acho que a constitui, constituir essa comissão está partindo, inclusive, da Presidência da CPI.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Ele registrou.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Registrou?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Já registrou.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Então...

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Eu falei: é a partir da posição da Presidência da CPI.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Tudo bem, está certo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Submetemos, então, à discussão o requerimento apresentado pelo Deputado José Genoíno. Não havendo quem queira discuti-lo, em votação. Os Deputados que o aprovam permaneçam como se acham. (Pausa.)Aprovado. Convidamos o Deputado Eurico Miranda para que tome assento à Mesa, para que preste as informações sobre os acontecimentos do São Januário, centenário estádio do glorioso Vasco da Gama. Nós vamos, então, proceder, na base regimental, oferecendo o tempo inicial de vinte minutos para o Deputado Eurico Miranda e, em seguida, franqueando a palavra, para que os Srs. Parlamentares possam fazer suas perguntas e tirar suas dúvidas.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Sr. Presidente, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Pela ordem, Deputado Geraldo Magela, tem V.Exa. a palavra.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Sr. Presidente, me desculpe V.Exa. se serei impertinente ou se V.Exa. já informou, mas eu preciso de uma informação. O Deputado Eurico Miranda presta depoimento a partir de agora como voluntário, como convocado, como... em que condição? E pergunto também se ele fará o depoimento sob juramento ou não.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - O depoimento do Deputado Eurico Miranda é um depoimento espontâneo, e nessa condição, portanto, que não houve nem a necessidade da votação do requerimento e que na compreensão dessa Mesa e também da Secretaria da Comissão assim pode-se proceder.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Ele, então, não prestará depoimento, ele fará uma declaração à CPI, nós poderemos inquiri-lo...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Segundo a nossa Assessoria, não haverá essa necessidade.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Está certo, mas pode, em qualquer momento do depoimento, se a CPI achar que deva tomá-lo como depoimento sob juramento poderá fazê-lo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - É evidente que a iniciativa de qualquer Deputado desta Comissão deverá, não poderá ser submetida à apreciação e deliberação do plenário. Com a palavra o Deputado Eurico Miranda. Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs. Deputados, em primeiro lugar, eu queria dizer que, desde do, do acontecimento do dia 30 em São Januário, eu posteriormente tomei, tomei conhecimento do que estava sendo veiculado na, principalmente na Rede Globo de Televisão e que passou a ser depois passado pra, pro Brasil inteiro e pra todos os órgãos de comunicação e assumi um compromisso de não, de não contestar absolutamente nada do que estava sendo feito até eu vir a essa Comissão. Em respeito a essa Comissão, eu tive o cuidado de, imediatamente, na primeira oportunidade, no primeiro dia útil, eu tive oportunidade de entrar em contato com Presidente da Comissão e disse a ele que não faria nenhuma declaração, antes de eu vir a esta CPI fazer um relato, em respeito que eu tinha a esta CPI, e fazer o relato efetivamente dos fatos. A minha idéia inicial era eu chegar aqui e relatar pormenorizadamente tudo que aconteceu, mas, melhor do que o relato, é nós, é, eu vou exibir uma fita. Em primeiro lugar, eu vou dar à Comissão a fita integral da Rede Globo, desde o início daquele incidente, até o término do jogo e uma fita da Sport TV, que eram as duas emissoras que estavam transmitindo. Aqui está uma... eu vou passar à Presidência uma fita integral da Sport TV e da Rede Globo. Em cima dessas duas fitas, foi feito este resumo, que está feito numa ordem cronológica e com o tempo. Eu passei para os Deputados, eu passei para os Deputados para eles poderem acompanhar efetivamente o que aconteceu e vou fazer algumas considerações em cima da exibição dessa fita. Essa fita consta de um resumo da fita da Rede Globo, um resumo da fita do, da Sport TV e imediatamente uma fita que foi editada e passou em todos os jornais da Rede Globo e conseqüentemente, pra outras, pras outras emissoras de TV. Eu, eu, eu pediria só ao Secretário que os Deputados que não receberam, por favor... E cadê, e onde é que tá o...? A gente pode começar ali a... Pedia pra apagar isso aqui. Som. O minuto zero é quando

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Dá uma paradinha aí. Esse é primeiro momento que eu quero que gravem: o problema da disposição da torcida no estádio, tem algumas imagens que vão mostrar e que é sobre o problema até, depois da, da, superlotação, por favor.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Esse é o minuto zero, quer dizer, a partir desse momento, quando a grade cede...

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Essa é... Começa a minha participação, eu cheguei no campo, devia ser mais ou menos por volta de dez minutos...

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Por favor, por favor, eu queria que parasse e voltasse a... Eu queria, claramente, eu sou entrevistado... Eu queria que aumentasse um pouquinho o áudio.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu queria voltar mais um pouquinho, voltar, voltar, mais, mais... Agora, quando eu chego eles me perguntam... Esse aqui é uma das...

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Aí, já com o minuto zero, com vinte minutos, mais ambulâncias estão chegando, já tinham quatro ou seis ambulâncias no campo, mas já estavam chegando mais ambulâncias.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Dá uma paradinha. Eu queria que, por favor, esse é um momento muito importante, o detalhe que a torcida não gritava outra coisa senão: "Sai de campo, sai de campo, sai de campo". Queria que você voltasse e aumentasse um pouquinho o áudio. Aí, já dá, já dá pra ouvir.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Voltou, acho que você adiantou. Aí, aí, aí...

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Esse é o depoimento do José Roberto Wright dizendo que a partida deveria continuar. O próprio José Roberto Wright, aos 31 minutos, ele dá um depoimento de que a partida deveria, ele como árbitro, a partida deveria continuar, por causa da torcida. Eu, eu, eu pediria só ao Secretário que os Deputados que não receberam, por favor

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Isso aqui já com 33 minutos do acontecido, o Eduardo Viana dizendo que vai continuar o jogo.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Esse é o depoimento do chefe de policiamento, dizendo que...

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - A pessoa que está aí é o Coronel Paulo que chegou, enviado pelo Governador, para falar comigo no campo.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu queria que vocês vissem as cenas e depois eu vou dizer o que que ele falou comigo e o que é que aconteceu posteriormente.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Esse é o Coronel Paulo, que é o Secretário de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, enviado do Governador.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Essa é a declaração dele.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Isso é da maior importância, o Coronel Paulo dá um depoimento em que...

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, pára, pára, eu queria falar, e depois você passa você passa a imagem. O Coronel Paulo dá um depoimento em que ele, que ele diz apenas o seguinte, apenas e tão-somente: "O estádio é seguro. O estádio teve uma parte do alambrado que caiu, e a Polícia Militar fez um cordão humano, como vocês podem verificar, e está aqui todo o Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, para dar tranqüilidade aos torcedores e a toda a população que está em casa e à população que tem parentes aqui. O estádio, volto a afirmar, está seguro, e vamos recomeçar o jogo." O repórter faz uma pergunta: "Quer dizer, o senhor assumiu, assume a responsabilidade se voltar a acontecer alguma coisa?" Coronel: "Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar também." Agora, pode passar, por favor.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Esse é o Coronel Paulo falando com o árbitro.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Essa é a única vez que eu falei com o árbitro.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Dá uma paradinha aí que vai começar o Sport TV. Eu queria , em cima disso, que os Srs. Deputados... Nessa seqüência, e conforme tá aqui escrito, eu, desde o primeiro momento, só tive uma única preocupação: o atendimento dos feridos. A parte, pela parte técnica, aquele que tinha menos interesse em recomeçar a partida... Quem conhece um pouquinho disso sabe que quem tinha menor interesse em recomeçar a partida era eu. O Romário tinha saído. Diante daquela situação não havia nenhum interesse. Tem um detalhe aí: vocês vêem uma pessoa falando comigo que eu pedi que marcasse, que é um, é um, um amigo do Romário chamado, conhecido como Zé Colmeia, que ele vem no meu ouvido e me fala alguma coisa. Ele, ali, tá me dizendo pra não ter jogo, porque o Romário estaria em condições de jogar uma próxima partida. Todo o meu encaminhamento foi no sentido exclusivamente de atender os feridos. Quando a torcida começou a gritar "Queremos... Sai de campo. Queremos jogo. Sai de campo. Queremos jogo.", eu fui procurado pelo Comandante do policiamento, que me disse que não tinha, que não sabia como é que ia conter, e que ele, ele ia procurar dar condições de, de ter o jogo, e que ia falar isso com o árbitro, porque o árbitro teria dito que, se tivesse condições, ele daria o jogo. A minha resposta pro, pro Coronel foi a seguinte: "Você só pode dar se tiver efetivamente condições." Até aquele momento, eu não tinha absolutamente nenhum interesse em reiniciar a partida. Eu recebo, posteriormente, eu recebo esse, o Coronel Paulo, como um enviado do Governador, como vocês viram aqui, que vem, me procura e diz assim: "Deputado, eu venho a mando do Governador. A partida vai reiniciar em três minutos. Eu só vou falar com a PM." Eu disse: "Mas a partida vai reiniciar? Tem plenas condições pra reiniciar?" "Tem." Foi lá, deu aquela entrevista. Eu saí, eu saí dizendo a quem me perguntava que ia ter jogo. Pela primeira vez, eu afirmei que ia ter jogo. Saí, fui pro vestiário e depois fui comunicado do, do fato de que o Governador teria ligado para o, o Coronel e que ele, então, voltou ao juiz, e o juiz mandou. Tanto, tanto isto é verdade que o juiz exigiu do Comandante do policiamento, por escrito, que não tinha mais garantias, e é outro documento que eu depois vou passar aqui pra, pra CPI, dizendo que ele, por ordem superior, ele deixava de dar garantia. Deixava de dar. Já tinha ga..., tinha garan..., tinha dado garantias antes e não dava depois. Agora, é só seguir agora. Essa é a outra fita do Sport TV, também, em que, em que tem alguns fatos ali que são importantes pra, pra, pra formação do juízo.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Essa imagem é pra mostrar que tinha muita gente que não tinha, tinha nada a ver com o incidente. Pessoal que, que, que invade, que veio de curiosos, outros que vieram pra ajudar, outros que foram pra apanhar autógrafo, enfim, tem uma quantidade muito grande no início das pessoas que tão ali que não tinham nada a ver com isso. O alambrado cede lentamente.

O SR. DEPUTADO JOSÉ ROCHA - Caiu a arquibancada ou só o alambrado?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, eu vou entrar nisso. É só o alambrado. Só cedeu o alambrado. Volta um pouquinho, porque o Deputado perguntou. Volta um pouquinho. O alambrado, ele cede, ele é... E, e, e, e o alambrado foi feito pra ceder. Também tem essa.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Ele cedeu, só. Não tem nenhum problema da alvenaria. Ele cedeu. Você viu ali até... A maioria das pessoas que estão descendo, vocês estão vendo agora, não têm nada a ver. Tão descendo porque acharam até bonito ir pra dentro do campo.

O SR. DEPUTADO JOSÉ ROCHA - Na arquibancada não houve nada?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não. Não teve nada na arquibancada. As pessoas que tão circulando, que não têm nada a ver com o incidente.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu queria que voltasse isso. Isso é uma outra frase minha, também no atendimento, que foi usada pela... pela Rede Globo de uma forma indevida. Dá pra parar? É o seguinte: ali o próprio repórter do Sport TV tá dizendo o que eu estava informando, pra encaminhar... Quem não conhece o estádio de São Januário, naquela posição que eu estava, quando eu estou fazendo assim, estou encaminhando para o portão, um portão que dá acesso ao Departamento Médico. E eu dizia pra encaminhar todos ao Departamento Médico, evidentemente, aqueles que podiam se locomover, etc. Mas era essa a colocação que eu fiz, e está... E o repórter é que tá passando lá pra cima. Pode seguir.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Isso tem dezenove minutos.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É. Dá uma paradinha. Só pra vocês... vocês terem uma idéia de como é que funcionam as coisas, essa imagem em que eu estou ali dizendo pra... pra o torcedor esperar que ele vai ser locomovido, tem... vai ser removido, melhor dizendo, ele, no jornal O Globo - e eu tenho essa imagem pra passar aqui também - tá a mesma imagem minha, também na mesma posição, assim, mas a legenda é que eu estava expulsando os feridos de São Januário. Por favor.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não sei se vocês estão ouvindo: "Você não pode andar. Você vai ficar aí. Vai esperar." Aqueles que não podiam ir ao Departamento Médico.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Essa é a torcida. Todos ouvindo, já nessa hora, com dezenove minutos, "sai de campo", "sai de campo", "sai de campo", porque a maioria das pessoas que lá estavam não tinham nada a ver com isso.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Volta um pouquinho, por favor. Eu queria, eu queria que prestassem atenção nesse depoimento do Júnior, que é o comentarista da Sport TV.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Vocês vêem que nesse momento já tem muito menos gente no campo. Aquele número de pessoas já tinha... já tinha sido retirado. Dá uma paradinha. Eu só queria ler aquilo que foi dito aí pelo Júnior: "Eu não sei se essa capacidade de... de ingressos vendidos foi maior, não, porque a gente olha aqui embaixo e vê que os torcedores estão confortáveis, não estão imprensados. Eu acho que foi realmente um incidente daquele tipo de tumulto, mesmo. Mas, pelo que a gente vê aqui das cabines aonde a gente tá, existe um certo conforto dos torcedores. Não tá superlotado. Tá lotado, mas não tem essa superlotação." O narrador: "É verdade, a gente não vê um torcedor em cima do outro." Enfim, há um certo espaço. É um estádio cheio, muito cheio, mas não existe superlotação. Por favor.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Esse é o depoimento do comandante do policiamento, exatamente igual daquele que... que vai reiniciar o jogo, que tem garantias, que é melhor ter o jogo do que não ter o jogo.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - "Só estamos esperando..." Isso é o comandante do policiamento: "Só estamos esperando as ambulâncias saírem pra fazermos uma segunda varredura e pra... e pra reiniciar o jogo."

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu quero que vocês vejam que não tem nenhum ferido. Não tem nenhum ferido mais em campo. Não tinha mais nenhum ferido, e as ambulâncias estavam ali única e exclusivamente pra remover alguns feridos que estavam no Departamento Médico, que viriam do Departamento Médico, que viriam do Departamento Médico. Estavam vindo do Departamento Médico. No campo já não tinha mais ninguém. Muito bem. Isso. Agora eu queria que fixasse bem essa imagem, quer dizer, a imagem quando eu passo, quando eu estou ali tentando, de uma certa forma, até tirar pessoas que não tinham nada a ver com isso. Vou agora exibir uma outra matéria que tá aqui em que eu queria que se fixassem e vissem bem como é que se pega uma imagem do final e se coloca a legenda como se tivesse sido... começando do minuto zero, como se tivesse acontecendo no minuto quinze, e a imagem é do minuto setenta. Agora eu queria também exibir essa... essa... essa matéria que foi exibida na Rede Globo e que gerou tudo isso.

(Exibição de vídeo.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Quem é esse?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Esse é o... é um delegado de polícia, com trinta anos de delegado de polícia, que não é torcedor do Vasco, não é meu amigo, mas ele deu esse depoimento e foi demitido no mesmo dia que deu o depoimento. Ele deu esse depoimento e foi... e foi demitido, porque ele deu um depoimento do que ele viu. Queriam que ele fizesse alguma coisa e ele falou outra coisa diferente. E... eu queria que atentassem... esse... é importante nesse depoimento algo que ele fala sobre o problema da grade. Eu já queria aproveitar e dizer o que é... - depois a gente vai poder até abordar esse assunto aqui - o que é uma grade de contenção e o que é uma grade de separação. A grade de contenção permite o que aconteceu, aquela tragédia da Inglaterra, a tragédia da Bélgica, a tragédia da Guatemala, que as pessoas ficam comprimidas junto à grade e essa grade não cede. A grade de separação, ela é colocada de tal forma que ela resiste a um determinado peso e ela cede, como aconteceu com essa, que cedeu. Mas vamos... Eu queria que vocês ouvissem o depoimento todo.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Aí, aí.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu queria que vocês atentassem bem como é que se monta uma coisa. Eles...Eu estava insensível, na declaração dele. A imagem que ele passa é do minuto setenta. A imagem que ele passa, mais helicóptero nenhum estava chegando. Os helicópteros estavam... Essa imagem é quando as ambulâncias já tinham saído do campo de jogo, estavam só para ser retiradas, não tinha mais nenhum ferido. Estávamos removendo as ambulâncias, não foi dos primeiros momentos do atendimento, foi muito depois do Coronel já ter dito que ia ter a segurança. Vocês vão ver que ele agora diz que o Coronel... O Coronel chega nessa hora. Aquelas imagens são depois da chegada do Coronel. Na fita integral, a fita integral mostra isso claramente. Por favor.

(Exibição de vídeo.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu queria, em cima disso, colocar muito bem e repor, efetivamente, o que se passou. Naquele momento que vocês viam o que mostrei antes - acho que não há necessidade de eu repassar -, quando já estava desocupado e que tinham... umas ambulâncias estavam dentro campo, as ambulância estavam dentro do campo, elas passaram... elas passaram para trás do gol. Elas saíram. Quando estavam dentro de campo tinham umas sete ou oito ambulâncias, outras já tinham saído, elas passaram para trás do gol, saíram da faixa do campo e passaram para trás do gol, aguardando se tinha algum ferido no departamento médico necessitando de remoção. Tem um ferido que passa, numa imagem que ele passa, que eles montaram, que vinha de uma outra direção. Porque nós montamos, temos o departamento médico e montamos mais dois postos de atendimento, armamos dois postos de atendimento, em que algumas vítimas eram deslocadas para esses outros postos de atendimento. Um último que passa numa hora que... vinha de outra direção, que vinha desse outro posto de atendimento para uma ambulância, não tinha mais nenhum ferido dentro de campo. E eu não sei, não sei, realmente não sei por que razão que se colocou uma imagem no sentido de que, efetivamente, a minha intenção foi, única e exclusivamente, reiniciar o jogo. Chegou ao ponto desse... desse narrador dizer que a minha atuação teria dificultado o atendimento. E todos viram que a minha participação foi no sentido de encaminhar para o departamento médico, atender primeiro os feridos, requisitar mais ambulâncias, procurar de uma certa forma controlar esse episódio que diz, que ele diz que é de um ferido, de um torcedor, não tem nada de torcedor, ele é facilmente identificável. Esse é um... talvez, diz ele que era jornalista, não sei, aparecem muito. Uma das coisas que eu fiz, que aparece no campo... O pessoal da imprensa escrita não tem nada que estar fazendo no campo. Está fazendo o que no campo? Se você já tem os repórteres de rádio, os repórteres de televisão, o que tem que estar fazendo um cara com um papelzinho na mão, tomando nota de quê? Está fazendo o quê? É tumultuando mais e tendo mais gente. Uma das coisas que acontecem ali, quando eu mando sair, eu mando sair, deixar apenas os repórteres de rádio e de televisão e sair todos da imprensa escrita, que não tinham que fazer nada lá, tinham que estar era na tribuna de imprensa. Além disso, as pessoas que não tinham nada a ver com o acontecimento. Fora disso, eu não tive nenhuma outra participação. Em nenhum momento eu pedi para reiniciar jogo. Eu pedi para reiniciar jogo? Eu fui comunicado que ia ter reinício de jogo e eu tinha que providenciar o reinício de jogo, porque me disseram que ia reiniciar o jogo. Eu, em nenhum momento, pedi ao juiz, eu, em nenhum momento, pedi a nenhuma autoridade... Eu, quando comunicava - e ao pessoal que estava trabalhando -, era mediante a determinação que tinha vindo por parte das autoridades competentes. A autoridade maior, naquela hora, era o juiz, que disse que ia reiniciar o jogo. E eu, sabedor que se o jogo não se reiniciasse, porque aí nós não estávamos dando condições, e que aí sim o Vasco podia ser punido, foi a partir daí que eu comecei a tentar agilizar no sentido de que o campo ficasse livre para que o jogo pudesse ser reiniciado. Mas nunca, nunca me esquecendo dos feridos. Isso é que... O que eu até eu não consegui... até hoje eu não consegui entender por que tentaram fazer essa colocação. Todo o resto é assunto que tá sendo discutido. Já na parte esportiva alguma coisa já tá resolvida, outra vai estar resolvida, têm os inquéritos, tem o inquérito policial, têm os laudos que vão acontecer, tem uma série de procedimentos que tão sendo realizados. Eu acho que, em muito boa hora, a CPI também vai participar, porque não é só em relação a esse caso, mas é uma oportunidade para tomar conhecimento de, efetivamente, de tudo que tá acontecendo em relação a estádios e etc. Agora, aqueles que conhecem, aqueles que sabem, aqueles que militam no futebol sabem que eu, em nenhum momento, podia querer o reinício do jogo. A última coisa que eu podia querer, pelo lado técnico, era o reinício do jogo. Agora, também aqueles que conhecem e sabem, devido às determinações da autoridade maior no campo, que é o juiz, que veio dizendo que ia reiniciar porque tinha tido garantias, se nós não déssemos as condições, nós é que seríamos penalizados por isso. Sr. Presidente, eu não queria fazer mais nenhuma consideração. Eu me coloco à disposição de todos os Deputados para... não só para informação sobre... não só sobre esse episódio - que isso aqui é muito mais em relação à minha participação -, mas até em relação a fatos que antecederam o jogo, posteriormente ao jogo e durante o jogo - qualquer esclarecimento estou pronto a fazer.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Muito obrigado, Deputado Eurico Miranda.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - E eu queria deixar essa fita. Eu vou deixar uma fita dessa também com a CPI.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Vou passar a palavra ao Deputado Silvio Torres, Relator da Comissão, para que faça suas perguntas ao Deputado Eurico Miranda. Com a palavra V.Exa., Deputado Silvio Torres.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Deputado Eurico Miranda, vamos começar então pelo geral, como V.Exa. mesmo disse que está aqui à disposição para discutir essa questão e outras. E a minha pergunta primeira é a seguinte: por que o Estádio de São Januário para uma decisão de um campeonato brasileiro?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Porque era o único estádio disponível.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - V.Exa. podia explicar melhor.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Porque o Rio de Janeiro tem dois estádios com capacidade: o Maracanã e o São Januário. No dia 29 de novembro eu fui consultado. Como apenas o Vasco estava na decisão da Copa João Havelange e da MERCOSUL, não tinha nenhum outro clube do Rio de Janeiro, o Maracanã precisava entrar em reforma e, segundo a colocação, eles precisavam até... se começassem imediatamente eles só poderiam entregar o Maracanã no dia 24 deste mês. E estavam previstas competições que iam começar, como o Rio-São Paulo, que ia começar dia 17, e tal. E se eles começassem imediatamente eles poderiam entregar no dia 24. E me consultaram, realmente me consultaram sobre isso, sobre essa possibilidade e eu disse que não tinha nada a opor. Então o Maracanã iniciou as obras no dia 29 de novembro. Em relação a... para a competição de agora. Quando foi da marcação do jogo não tinha outro estádio. Só tinha São Januário e Maracanã. E, veja bem...

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - A consulta foi no sentido... para iniciar as obras ou não?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É, para iniciar ou não. Não, para iniciar as obras ou não, se eu tinha alguma coisa a opor, porque senão ia ficar pra frente. Havia interesse da televisão de que o Maracanã... precisava do Maracanã pra os jogos do Campeonato Carioca, que começaria agora no dia 20 deste mês. Além disso... além disso, tinha um outro detalhe em relação a esse jogo em São Januário. O primeiro jogo foi realizado no Parque Antártica, que tem uma capacidade menor que São Januário. Se você me perguntar se seria... que jogos de decisão seriam interessantes jogar num estádio de capacidade maior, eu diria que sim, eu diria que sim. Tanto em São Paulo os jogos deveriam ser realizados no Morumbi e, no Rio de Janeiro, deveriam ser realizados no Maracanã. Mas quando você não tem, o estádio de maior capacidade é o Estádio de São Januário. E devo dizer que teve uma decisão com um público muito maior: Vasco e Barcelona de Guaiaquil, 40 mil pessoas no estádio, jogo internacional, decisão de Copa Libertadores e absolutamente sem nenhum problema.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - A decisão então foi em função única e exclusivamente... Se o Maracanã estivesse pronto, certamente, o jogo seria no Maracanã.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu acho que, diante do apelo, sem dúvida seria.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Sr. Relator, só uma informação. Os jornais do Rio divulgaram um documento que a SUDERJ consultou a Presidência do Vasco se ia precisar do Maracanã para realizar a final.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Desculpe, Deputado, não...

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Esse documento foi divulgado.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu expliquei. Eu vou dar para a Comissão o documento. Mais uma vez eles publicaram apenas o que entendiam. Eles só publicaram... Eles mandaram um documento. O documento não foi da SUDERJ. Um documento... A empresa que promove o torneio Rio-São Paulo mandou um documento para todos os clubes e para a SUDERJ dizendo que as obras datadas de 29 de novembro - que eu vou deixar o documento aqui - datada de 29 de novembro, era necessário que fossem iniciadas as obras em São Januário... no Maracanã, para que o Maracanã desse condições para o jogo. Neste documento - ninguém consultou nada -, neste documento, eu - e quem assinou fui eu -, neste próprio documento - e isto é o que foi divulgado -, eu coloquei "nada a opor", "nada a opor", só isso. Essa é a colocação.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Vocês não precisariam do Maracanã. (Riso.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não. Eu nem sabia se estava classificado. Como é que em 29 de novembro eu vou saber se estou classificado? Eu nem sabia se tinha passado das fases. Eu nem tinha jogado com o Cruzeiro. Como é que...? Isso aí é... Tudo bem. Vida que segue.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Agora, por que então num estádio com capacidade limitada, com, evidentemente, com muito mais gente querendo ir ao jogo do que não querendo? Mas por que às 16h, com o calor que é no Horário de Verão? Dezesseis horas significa, no horário normal, às quinze.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Muito boa pergunta. Por quê? Porque a TV Globo manda, ela exige, porque depois tem a novela. Aí está uma das razões por que os comentaristas estavam lá dizendo, primeiro, que estava muito bom, que minha posição estava ótima. Mas o tempo foi passando e eles começaram a pedir: "Será que não há nenhuma autoridade nesse Estado que possa tomar uma posição?" Por quê? Porque Uga Uga ia começar, amigo. Então, se o Uga Uga vai começar, tem que parar tudo. Então, por que que o jogo é às 4h? Por que que agora marcaram o jogo, por que que marcaram o jogo às 4h da tarde agora, o novo jogo do dia 18, com aquela canícula, com 38? Por que a TV Globo exige que seja às 4h. Por que que você tem um jogo às 22h, com o problema de segurança e etc.? Porque a TV Globo exige que tem que acabar a novela e você tem que passar. É por isso. Essa foi uma das razões, uma das razões daquele tumulto na torcida. É porque... Eu queria aproveitar a oportunidade e dizer das providências que nós tomamos em relação àquele jogo. Eu, já sabedor disso, nós colocamos à venda - e eu vou deixar aqui pra Comissão -, nós colocamos à venda 32.300 ingressos. Foi o que nós colocamos à venda. Nós aumentamos o preço do ingresso. Tudo isso no sentido de cada vez mais dificultar o número de torcedores. Nós fizemos a venda antecipada. Vendemos com dois dias de antecedência, que é pra que não tivesse o tumulto da... Foi divulgado antes que não adiantava ir pro jogo porque não tinha ingresso. Nós tivemos o cuidado de fazer o controle rigoroso no acesso. Por isso que tá aqui documentado. Todas as catracas estão seladas, sendo devidamente vistoriadas pra ver o número de torcedores que efetivamente passou. Todas essas providências foram tomadas. Agora, nós abrimos o estádio a uma hora da tarde, um calor... Eu aprendi uma coisa que é uma providência que vai ser tomada de imediato: cerveja, nunca mais no jogo de futebol. Pra mim, é causador disso. Quer dizer, você ficar uma hora... Ninguém vai ficar uma hora sem tomar nada. Toma-se uma, duas, três, quatro, cinco. Cerveja, nunca mais. Tá proibido, agora. Quer dizer, em jogo de futebol não há hipótese. Isso eu aprendi. Agora, aquilo ali, durante três horas, você não pensa que nós não pedimos para o jogo não ser às 4h da tarde, não. Pedimos muito, mas só que... não. Não sei se você reparou...

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Mas, ô, Deputado Eurico, mas essa proibição deve ser uma proibição do Poder Judiciário.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - De qual?

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - De proibir venda de bebida alcoólica.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Aonde?

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Não, porque em São Paulo é proibida a venda de bebida alcoólica, mas é uma decisão da Justiça.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não. Você vende no teu estabelecimento aquilo que você quiser. Você não é obrigado a vender cerveja no estádio. Não é do Poder Judiciário. Desculpe, meu Deputado Genoíno.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Mas só no São Januário que você vai proibir, nas outras...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Claro. Não, no Maracanã já não se vende. No Maracanã... Cada um tem no seu estádio... Em São Paulo há uma decisão, não do... não sei se é do Poder Judiciário, mas acho que é até da Prefeitura, é da cidade de São Paulo. É proibido na cidade de São Paulo, é da Prefeitura. Agora, eu acho... não sei se reparou, ilustre Relator, esse início que está aí na fita, o narrador Galvão Bueno faz os maiores elogios à festa, São Januário está em festa, etc., etc., etc. Tá narrando muito bem. Eu acho que o pico, a audiência lá estava muito boa, estava lá. Devia estar nos quarenta, cinqüenta, sei lá qual é o número que interessa. Estava lá, estava indo muito bem. Se aproximou - quem tiver o cuidado de ver a fita inteira -, quando se aproxima o horário da novela começou a dar o pânico. Quer dizer, e quando alguém começa a dizer, quando alguém começa a dizer... o jogo... o juiz diz que vai reiniciar a partir daquele momento, que o jogo vai reiniciar, começou toda uma campanha no sentido de que o jogo não reiniciasse. O Coronel Paulo vem e dá aquela entrevista, a mando do Governador. Eles começaram: "Será que não há nenhuma autoridade nesse Estado?" e não sei o que, "que tenha"... Quando alguém surge que... até que enfim que apareceu alguém com consciência e tal e acabou. Exatamente isso.

O SR. DEPUTADO AUGUSTO NARDES - Deputado Eurico, me permite um aparte? Até o Galvão Bueno chegou a dizer, em determinado momento, cumprimentando a sua posição por estar ajudando a cuidar. Eu estava assistindo o jogo e vi também.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É isso eu passei aqui, Deputado. É verdade.

O SR. DEPUTADO AUGUSTO NARDES - Ele disse e repetiu várias vezes: "Olha, o Eurico está ajudando a atender os feridos".

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É verdade.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Sr. Deputado, eu só gostaria de registrar, pra efeitos de jurisprudência, se assim puder ser usada a palavra do mundo jurídico, que não é permitido aparte ao expositor. Então nós solicitamos que todos os Parlamentares que desejam se manifestar façam a sua inscrição regimental. Com a palavra o Sr. Deputado Relator.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Deputado Eurico Miranda, V.Exa. disse que, no início, que quem decidiu, praticamente, o local foi a empresa promotora do evento.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, desculpe. Eu não disse, foi por falta de...

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Foram eles é quem fizeram a consulta?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É. Eles pediram, fizeram a consulta ao Maracanã. E, não tendo o Maracanã, não tinha outro estádio, realmente, pra fazer o jogo.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Isso por delegação do Clube dos 13, evidentemente.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É quem estava administrando... Aliás, quem continua administrando até o final, coordenando a competição é a Sport Promotion.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Agora, a Sport Promotion também é quem... foi quem permitiu que o jogo fosse realizado às 16h, contrariando, como V.Exa. disse, a sua própria opinião, que disse que pediu que fosse mudado o horário?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, é porque, contratualmente, a TV Globo tem o direito de marcar os horários. Quer dizer, não adianta você pedir um horário. A TV Globo é que diz o horário do jogo. Eu estou citando como exemplo que eu vou lutar pra ver se mudo o horário do jogo, mas acho que não vou conseguir. Eu vou tentar ver se o jogo, agora, que está marcado, tá também marcado pra as 4h da tarde. Vou tentar ver se pelo menos ele passa pra cinco, mas acho que não vou ter sucesso, porque o jogo é marcado de acordo com a televisão. Quando o Clube dos 13, agora, decidiu, e já deu inclusive o horário do jogo, ele já marcou 4h da tarde de acordo com a televisão, porque por mim o jogo deve ser realizado depois das quatro, porque 4h da tarde, também em adendo, não são quatro, são três.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Sim, eu já tinha observado.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Nós estamos no Horário de Verão.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Agora, a outra pergunta é a seguinte, Deputado Eurico Miranda: depois de todas as ocorrências, vendo as cenas, depois que se sabe o número de feridos - uma coisa que naquele momento ninguém podia avaliar, porque estava naquele tumulto, não se sabia se tinha pouco, se tinha muito, hoje nós sabemos que são cerca de 200 feridos -, depois de tudo isso ocorrido, o senhor ter visto tudo isso, o senhor opinaria, concordaria, com a continuidade do jogo, sabendo o que sabe hoje?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Bom, em primeiro lugar, eu não tenho que opinar numa hora daquela. Eu tentei explicar aqui que no futebol têm regras. O árbitro... se o árbitro disser que vai dar o jogo, não adianta eu dizer que eu quero, que eu não quero, porque é ele que vai determinar, que vai dar o jogo. Eu já disse aqui claramente: com ferido ou sem ferido, eu não tinha interesse no jogo... que o jogo continuar. Eu quero fazer alguns reparos: não teve, nada nesse número não corresponde ao número real. Com gravidade, todos os feridos foram atendidos e saíram imediatamente dos hospitais pra onde eles foram removidos. Só três foram atendidos com, vamos dizer, com gravidade: um que teve um problema no joelho, uma fratura de joelho; um outro, uma menina que teve um problema de... que teve no baço e um outro que teve, se não me falha a memória, também um outro problema na perna. Esses três... Não, um outro que estava com traumatismo craniano. Foi um terceiro, com traumatismo craniano. Nós procuramos, desde o primeiro momento, dar todo o atendimento. Tudo isso que foi colocado, que tentaram colocar na mídia, que nós não estávamos dando atendimento, que nós não estávamos preocupados, desde o primeiro momento o Vasco se colocou à disposição. E, mais, todos aqueles espectadores estavam devidamente cobertos por seguro. E se não estivessem cobertos por seguro, seguro de invalidez permanente, seguro de morte, todos eles - isso também são documentos que estão... fazem hoje parte dos inquéritos que estão sendo instaurados, colocados - e, se não tivesse, o Vasco assumiria - como sempre assumiu - a responsabilidade. Em nenhum momento nós... Agora, eu acho que, sinceramente, se criou alguma coisa em relação ao jogo que não foi o que efetivamente aconteceu, não foi o que aconteceu. Naquele momento - e eu tive oportunidade de ouvir depois o árbitro falar - não havia quem tivesse a coragem de chegar, com 40 mil pessoas no estádio, aproximadamente, você chegar e dizer assim: "acabou o jogo". E o pessoal gritando "queremos jogo". E o pessoal gritando "sai de campo". E o pessoal vendo, a maior parte da torcida vendo uma série de torcedores dentro do campo dando cambalhota, se estirando, fingindo que tinha isso ou tinha aquilo. O árbitro tá à distância, mas tá vendo isso. E ele não podia... Tanto que ele teve o cuidado - eu, na minha opinião -, ele teve o cuidado de tentar passar que não era ele que estava acabando o jogo, que ele tinha recebido alguma ordem, porque o receio... quem tem exp... o receio que ele deve ter tido naquele momento é o da torcida se voltar contra ele. Aí vai um outro... vai um outro... Também eu quero aproveitar o adendo até sobre o problema dos jogadores terem ido com a taça. A ida dos jogadores com a taça foi uma forma de acalmar o torcedor que estava... E o torcedor. de uma certa maneira, depois ele saiu já mais tranqüilo, sem nenhum problema. O torcedor... Hein?

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Foi você que mandou os jogadores pegarem a taça?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Claro que não. Se fosse eu, eu estava na frente. Eu, sempre, quando mando alguma coisa, ô Genoíno, eu estou na frente. Você vai ver, eu nunca estou por trás, eu estou sempre na frente. A minha cara tá sempre na frente. E qualquer atitude que você veja eu tomar, você vai ver sempre a minha cara na frente, eu nunca estou por trás, sempre de frente. Então, se eu tivesse... Eu nunca mando. Se eu tivesse mandado eu era o primeiro a estar junto com os jogadores a fazer aquela volta. Pode estar certo disso.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Deputado Eurico Miranda, eu vou até fazer a pergunta de outra maneira, vou colocar de outra maneira: a manifestação sua com relação à ordem do Governador deu a entender - eu acho que não ficou muito claro isso - que o senhor queria a continuidade do jogo. A minha pergunta é a seguinte: se, depois de tudo o que ocorreu, vendo as coisas com mais calma, analisando novamente, o senhor ainda seria favorável à continuação do jogo? Independente de concordar ou não, seria favorável?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu acho que não. Mas, veja bem, não adiantou nada eu ter mostrado isso aqui. Eu vou repetir: a minha atitude com o Governador, já me perguntaram isso... Se hoje eu aqui agora tivesse que falar a mesma coisa eu não falaria. Se me perguntasse, se me perguntarem, se me perguntaram se me arrependo de ter falado, não me arrependo nada. Não tenho que me arrepender nada. Eu não me arrependo de nada do que eu fiz, porque eu fiz do... Porque aconteceu o seguinte: eu estava envolvido durante uma hora, durante uma hora, procurando, única e exclusivamente, atender ferido, vendo o problema que estava acontecendo no meu estádio, 40 mil pessoas que eu não sabia o que podia acontecer, o desenvolvimento disso. Eu sou procurado por um emissário do Governador., Nome: Coronel Paulo - tá aí as imagens. Me chama, diz assim: "Vim a mando do Governador. Em três minutos eu vou reiniciar o jogo". "Você acha que tem... vai ter as condições?" "Vai." Dá entrevista. Eu saio pela primeira vez, pela primeira vez eu falei com a imprensa que ia ter jogo. Saio do campo. Depois eu sou informado que o jogo foi encerrado. Eu não sei se essa pessoa que veio falar comigo não tinha autorização do Governador, mas em princípio tinha, eu conhecia, sei quem ele é, sei que ele é o Secretário, ele me faz uma... A atitude, a atitude que ele teve, sem ter me comunicado depois, me levou a dar os adjetivos que eu dei a ele. E ele foi muito mais do que isso, se efetivamente esse Secretário foi a mando dele. Eu, até agora, não procurei saber se... Tá aí, as imagens estão aí, as declarações dele tão aí. Ele não foi demitido, porque o que que aconteceu, quando... Eu acho isso é de uma análise tão simples. Quando você pega o Secretário de Estado e diz: O Corpo de Bombeiros - o estádio é seguro -, o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e a PM dão garantia e o Chefe do policiamento vai ao árbitro e diz: "Tem garantia". E o Governador suspende o jogo, ele tinha que demitir todo esse pessoal do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e da PM, porque eles não podiam ter feito isso. Agora, eu repito, vou repetir porque você está querendo que eu dê uma resposta direta.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - É. Eu estava querendo ver a sua resposta.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Direta: não, não, não.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Não?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não queria. Eu nunca quis e não... e procuraria de todas as formas impedir que o jogo começasse. Mas - vou já lhe dizer, pelo meu passado no futebol, pela minha vida no futebol e a minha vida no esporte - se, efetivamente, a coisa acontecesse de outra forma, se, com o juiz determinando que ia ter o reinício do jogo, eu chegasse e me insurgisse e dissesse que não ia ter jogo, era só esperar ver o que ia acontecer no dia seguinte. Não, o meu clube perderia, mas não só o meu clube, mas como eu, com uma atitude dessa. Isso era normal. Mas, pra ser objetivo, não.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Eu posso concluir então que o Governador agiu certo ao desautorizar o seu Secretário.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Agiu certo? Agiu certo se ele não tivesse mandado o Governador... se ele não tivesse mandado o Secretário dele falar comigo antes. Aí ele teria agido certo. Agora, se ele também não mandou, ele continua agindo certo e demite lá o Secretário. É o mínimo. Senão, ele, pra mim, continua na mesma posição, porque ele mandou pra mim uma situação que eu recebi. Se ele não agiu certo não... agiu certo mas da forma errada. (Risos.)

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - A minha última pergunta, Deputado Eurico...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Se agiu certo, agiu certo da forma errada.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - A minha pergunta final é a seguinte, Deputado Eurico Miranda: o depoimento do Delegado Denilson Ribeiro foi extremamente favorável a V.Exa. e o senhor mesmo fez questão de mostrar a todos nós que ele deu uma opinião de uma pessoa experiente e que participou diretamente dos fatos.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Foi demitido.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Foi demitido. Agora, ele deixou muito claro no seu depoimento que a responsabilidade pelo ocorrido foi dos torcedores do Vasco. E, se as minhas informações estão certas - eu queria que o senhor, como membro do Clube dos 13, me confirmasse ou não -, se o Vasco foi o culpado pelo ocorrido, pela não-continuidade da partida, a partida teria então que ser encerrada e dando o São Caetano como vencedor por um a zero. O senhor tem essa mesma posição?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Se a sua pergunta é pra os eleitores de São Caetano, lá de São Paulo...

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Não, não.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu só posso entender dessa maneira, porque...

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - O regulamento diz isso?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Claro que não.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Se o regulamento dissesse isso você acha que tem um Superior Tribunal constituído de nove... alguns são desembargadores...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - O que é que diz o regulamento, afinal de contas?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - O quê?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - O regulamento dessa Copa diz o que, afinal de contas, sobre esse tipo de episódio?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - O regulamento diz que quando a partida é suspensa por casos fortuitos tem que ter nova partida.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Quero então explicar melhor por que fiz essa pergunta: porque o Clube dos 13, ao decidir pela realização de uma nova partida, a declaração do seu representante foi de que não havia uma responsabilidade clara do Vasco e, por essa razão, então, o jogo....

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, então eu vou ter que dar uma explicação. O art. 28, que é alguma coisa que foi colocada, ele é criado no sentido de quando o torcedor, a torcida ou o clube, ele impede, quando o clube impede a continuidade de uma partida, por este ou por aquele fato. Isso existe mundialmente. Quando você... quando o torcedor ou o diretor ou alguém ligado ao clube impede, ou até o próprio jogador deste clube, impede a continuação da partida, então você tem que adjudicar os pontos dessa partida ao adversário. Quando as coisas acontecem... Porque aquilo, o que tem que levar... o fato... tanto não foram os torcedores... Você não pode responsabilizar nem os torcedores nem o Vasco, porque a partida ia se reiniciar.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Sim, mas quem falou isso foi o Delegado Lenílson Ribeiro. Então ele....

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, tá bem. Quem originou... O que o Delegado disse aí está claro, quem originou aquela briga foram os torcedores. Quem originou a queda, o alambrado ter cedido foram os torcedores ter descido por ali, empurrado. Isso foram os torcedores. Agora, evidentemente que você não pode atribuir a culpa ao Vasco. Então o Vasco vai ser responsabilizado? Eu só queria lhe dar um dado. Em 1992, no Maracanã , caiu ali o alambrado. Diferente do meu. O meu cedeu; ali, caiu. Morreram quatro pessoas; quatro: um dois, três, quatro. Feridos, um número muito maior do que esse. Jogo normal, sem problema. O jogo seguiu sem problema. Posso lhe citar aqui inúmeros outros casos. Estou citando esse porque esse foi lá, próximo. Lá em São Paulo, mesmo, caiu, no interior - pode me ajudar, não sei qual é a cidade -, quando foram festejar lá um gol, caiu. Não sei onde foi, uma cidade lá do interior de São Paulo. Mas me lembro perfeitamente. Agora, recente, não tem mais de um ano. Caiu, seguiu o jogo. Na verdade, quer dizer, isso eu estou olhando pelo lado esportivo. Na Justiça Desportiva, você tem que levar isso em consideração. E é o que foi levado em consideração. Não há responsabilidade do Vasco.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Mas, Deputado, quem foi prejudicado nesse caso só foi o São Caetano. Não tinha um torcedor do São Caetano no Estádio. E, em todos os casos julgados no Brasil pela Justiça Desportiva, sempre o mandante do jogo foi punido.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Mas você acha que o... Mas ninguém foi... Ai, meu Deus.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - O futebol de São Paulo tá sendo prejudicado. O São Caetano tá sendo prejudicado, tá com o time desmontado. É um caso inédito. Esse julgamento do Tribunal, que é formado por desembargadores, são todos cariocas.

O SR. DEPEUTADO EURICO MIRANDA - Ma isso aí... Espera aí, Deputado.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Eu discordo do senhor. Acho que o Vasco... acho que o senhor tá apresentando uma argumentação perfeitamente razoável, mas o futebol de São Paulo e o São Caetano foram prejudicados.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Mas isso é um ponto de vista.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Não, não, é um ponto de vista...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não, Claro que é....

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - ... quase do Brasil inteiro.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não, não, isso é um ponto de vista. Tanto não é um ponto...

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - No regulamento do Campeonato o São Caetano é o campeão. Agora, o senhor conseguiu inverter e tirar... A torcida do Vasco passa a ser culpada, o que é um caso inédito no mundo. Na Itália temos casos...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu? Em nenhum momento eu vou atribuir a culpa à torcida do Vasco.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - A sua tese é essa. Mas o futebol de São Paulo foi prejudicado.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, se a minha torcida... se a torcida do Vasco...

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - E o São Caetano foi prejudicado, porque desmontou o time, o time não voltou a treinar, foi marcado o jogo para o dia 18. Isso é um absurdo. A sua argumentação é lógica, tudo, mas eu acho que ... Eu gostaria de saber só o seguinte: se fosse o contrário, se tudo isso tivesse acontecido no campo do São Caetano, que tá sendo reformado, eu queria saber se o Clube dos Treze e o Supremo Tribunal de Justiça teriam a mesma complacência com o São Caetano que tá tendo com o Vasco, marcando um novo jogo.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Deixa eu lhe responder. Não adianta. Essas coisas a gente não pode levar para esse lado. O meu problema aqui é o seguinte: eu, quando estou em defesa dos interesses do meu clube, sou uma coisa. Eu aqui estou dando um depoimento muito claro, efetivamente, do que se passou. Agora, vou lhe dizer...

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Eu não estou discutindo seu depoimento. Seu depoimento tá claro e tá lógico e tá perfeito. Mas acho que tem de ter uma clareza, Deputado, só uma clareza, com todo o respeito...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu sei. Deixa eu... Eu sei... Eu vou lhe dar minha opinião.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Nós estamos tendo aqui um... Cortei o som dos dois. Só um minuto. Por uma razão, Deputado Eurico Miranda, primeiro, que o Deputado Nelo Rodolfo não estava inscrito ainda, não era a vez dele falar. Ele entrou na pergunta do Deputado Silvio Torres.

(Intervenção inaudível.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Não, eu sei. Não, Deputado, se o São Caetano tá sendo prejudicado... É o seguinte: V.Exa. tá inscrito, tá certo? Pediria licença aos dois, tá certo? E só cortei o microfone para poder falar também, para não ser o terceiro a falar, para que o Deputado Silvio Torres volte ao controle da palavra, como Relator, encerre a intervenção dele e retomemos a ordem do depoimento de V.Exa. Me desculpem. Então retorno a palavra ao Deputado Silvio Torres.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Muito obrigado, Sr. Presidente. Tenho uma última pergunta ao Deputado Eurico Miranda. Lá na fita eu, acompanhando a fita, fiquei com uma dúvida que gostaria que V.Exa. esclarecesse: que aos sessenta e oito minutos - tem aqui no texto, não sei se o senhor poderia acompanhar, está escrito - "o Coronel Paulo recebe um telefonema do Governador, caminha até o árbitro e suspende o jogo." Aí as cenas mostram o senhor sendo informado, o senhor conversando, dialogando com o árbitro, falando alguma coisa. Eu ouvi o seguinte: "Veja lá, hein, veja lá". O que significa esse "veja lá"? Significa "veja lá o que o senhor vai pôr no relatório"? Significa veja lá o quê?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É, você não seguiu a ordem, aqui, cronológica. Aos sessenta e oito minutos o Coronel recebe um telefonema do Governador, que é o que está ali.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Tá.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu não estava mais no campo. Se passar a fita sucessivamente, aos setenta e cinco minutos, portanto, sete minutos depois, aos setenta e cinco minutos eu volto ao campo e dou aquela primeira entrevista. E vou direto ao árbitro. Quer dizer...

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Deputado, desculpa, mas eu estou falando do momento em que V.Exa. se encontra com o árbitro. Não é...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É esse o momento... Pois é, mas eu vim dali. Eu saí. Eu vou dizer o que que eu disse ao árbitro, não vou fugir. Só que não é nesse momento.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - É que aqui não tá isso aos setenta e cinco minutos.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Tá, setenta e cinco. Veja aí, setenta e cinco. "Setenta e cinco. O Deputado, tal, chega a ter visto a reação da torcida e não comunicado prévio do Coronel." Eu... Tá aí claro.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Sim, mas eu estou falando do árbitro.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - O que que tem? É, é seguido. Tá na fita, seguido.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Tá bom. Bom, esse "veja lá" significa o que, então, Deputado?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, vou dizer.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - É isso que eu...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Vou dizer. Eu cheguei ao árbitro, vim do vestiário, vim do vestiário, vim do vestiário. Tinha falado isso. Tomei conhecimento. O árbitro me falou que mandou suspender a partida e disse pra mim o seguinte. Não, que recebeu uma ordem pra suspender a partida. E que ele disse ao chefe do policiamento que queria essa ordem por escrito. Aliás, vou lhe passar a ordem, que é para o senhor não ter dúvida nenhuma e poder ler, porque depois ele anexou na súmula. Ele pediu que ele desse a ordem por escrito e a ordem... Quando ele me disse: "Eu pedi a ordem por escrito." Foi o que eu disse: veja lá se vai aparecer essa ordem. É justamente isso. Quando ele me disse que vinha a ordem por escrito... E essa ordem tá aí, que veio na súmula. Aliás eu vou lhe passar a súmula e vou lhe passar o relatório do árbitro, que é importante, que ele faz um relatório e que... Tá aí a fita. Em nenhum momento, eu me dirigi ao árbitro.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - A súmula está ilegível, Deputado.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Hein?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Essa súmula está ilegível.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Então eu tenho que lhe dar outra legível. Vou mandar tirar outra. Não, Deputado, tá mais ou menos, mas vou... É, tá com uma escrita.. tá meio cortado, mas tá... Vai fazendo um esforço. Eu mando a original. Isso não é a súmula. Vou dar a súmula completa. Ó, a súmula completa - isso é xerox -, a súmula completa e vou passar também depois...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Mas nós vamos querer uma súmula...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, totalmente legível.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - ...mais do que menos legível.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não. Não, isso aí é... Essa é pública. Hoje, a súmula é pública, porque ela já está nos autos da CBF.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Muito obrigado, Deputado Eurico Miranda.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Srs. Deputados, eu também quero adverti-los de uma longa lista de inscritos aqui. Então objetividade da parte dos Deputados e da parte também do Deputado Eurico Miranda. Gostaria de dizer aos senhores que nós temos já em posse da Comissão a fita completa do Sport TV - aliás, em duas cópias, uma trazida pelo Deputado Eurico Miranda e outra que já havia chegado por requisição da CPI -, a cópia da fita da TV Globo, a cópia das reportagens, o áudio da Rádio Globo, do Rio de Janeiro, e o áudio da Rádio Jovem Pan, de São Paulo. Ontem, alguns Parlamentares já tiveram oportunidade de ver uma parte desse material, que se encontra à disposição de todos os Srs. Deputados. Passamos, portanto, à lista de inscrições. Com a palavra o Deputado Ronaldo Vasconcellos. Tem a palavra V.Exa.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Sr. Presidente, Sr. Relator, Deputados e Deputadas, Eurico Miranda, tem hoje onze ou doze dias do episódio. É lógico que a essa hora, a essa altura, V.Exa. já tem uma série de informações. Objetivamente, por que, como, qual foi a origem, qual foi a responsabilização do início do tumulto?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Foi uma briga que surgiu na arquibancada, que estou apurando. Uns dizem que foi pela... pela... quando o Romário teve aquela contusão e estava saindo de campo, e torcedores se desentenderam na parte de cima da arquibancada. E, aí, houve aquele... aquele efeito dominó. Aí, o pessoal veio rolando de encontro ali a... Já falaram, já falaram, mas isso eu não tenho nada de comprovado, que alguém teria sacado uma arma na arquibancada, e que isso provocou esse... Mas a origem foi essa. A origem foi uma briga da arquibancada entre os torcedores.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Vamos falar agora de público, de renda. Quantos ingressos foram vendidos dos 32 mil e 300 colocados à venda?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Trinta e um setecentos e sessenta e um.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Preço?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Quinze.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - O São Caetano...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Cadeira, trinta.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Desculpe.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Quinze; cadeira, trinta.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - O Clube São Caetano recebeu algum bilhete para trazer sua torcida para São Januário?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Por quê?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Quando requereu, já não tinha mais ingressos.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Qual foi a renda do jogo?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Hein?

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - A renda do jogo.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Renda...

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Não me pede para fazer conta de matemática, que eu sei fazer. Quero saber a renda do jogo.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Trezentos e noventa e um novecentos... Não, quatrocentos e quarenta e dois, duzentos e setenta.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Os fiscais do INSS estavam lá?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Ah... (Risos.) Se estavam, estavam escondidos, porque eu não...

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Não, mas eles recebem 5% da renda? Está na lei.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Tá aqui no borderô. Você quer saber?

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Quero.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Receberam... Não, eles não recebem. Isso não é confisco, não.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Eu sei.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Isso se processa-se assim: se bota no borderô e se recolhe.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Tudo bem.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eles receberam... O INSS recebeu 22 mil 113 e 50.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Bom, Sr. Deputado, a Copa João Havelange foi mal organizada?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu não diria que foi mal, porque eu... foi uma competição em que participaram 106 clubes. Eu tive a participação nessa competição também. Acho que foi criada uma situação no futebol brasileiro que você não ia... muito difícil. Milhares de pessoas iam ficar sem emprego, iam ficar sem atividade. Tinham alguns clubes que defendiam a não-realização da competição. Eu, em princípio, atestava... Teve aquele episódio com o Gama, que todos sabem. Eu estava muito propenso até realmente a nem participar. O que me levou a participar da Copa foi não deixar essa gente toda sem emprego. Evidentemente que 106 clubes participando em três séries, chegou-se ao final... Teve problemas, sem dúvida teve problemas. Eu estou muito à vontade, não vou... Seria muito bom para mim eu poder chegar agora... Eu não sou mais do Clube dos Treze, pedi demissão do Clube dos Treze, não pedi ontem, pedi demissão do Clube dos Treze há um mês atrás. Eu não participo da diretoria do Clube dos Treze. Então eu podia chegar agora e dizer assim: isso foi mal feito, isso não... Não, eu acho que teve defeitos, sem dúvida que teve, podia ter sido melhor. Mas eu acho que, diante das circunstâncias, era... acho que foi feito o possível.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Ela tem algum valor legal, oficial?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Tem, porque substituiu sem dúvida o Campeonato Brasileiro, né?

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Então, no mínimo, o senhor diria que ela foi improvisada. O senhor garante que ela foi improvisada.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, ela foi realizada em 48 horas. Fazer uma competição com 106 clubes com 48 horas. Foi em 48 horas.

O SR. DEPUTADO RONALDO VASCONCELLOS - Muito obrigado, Sr. Presidente. Muito obrigado.

O SR. DEPUTADO JOSÉ ROCHA - Sr. Presidente, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Com a palavra o Deputado José Rocha.

O SR. DEPUTADO JOSÉ ROCHA - Sr. Presidente, quero justificar a minha ausência a partir deste momento, porque tenho que pegar um vôo para a Bahia. Solicitei ao Deputado Magela, mas ele também tem compromissos não pôde trocar a posição de perguntas. Eu aí peço que cancele a minha inscrição, porque terei que retornar ao meu Estado em função do vôo que sai daqui a pouco.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Sr. Presidente...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Se houver uma pergunta inadiável da parte de V.Exa., a Presidência concede esse...

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Sr. Presidente, eu não teria nenhuma objeção que o Deputado... não trocar com ele, eu não sei qual é a posição dele. Mas que ele pudesse falar antes de mim, não colocaria objeção, desde que eu fosse naturalmente o próximo. Não sei qual é a ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Se V.Exa. tiver alguma pergunta, uma a fazer, pode fazer, Deputado José Rocha.

O SR. DEPUTADO JOSÉ ROCHA - Sr. Presidente, agradeço a deferência de V.Exa. e também a compreensão do Deputado Geraldo Magela. Eu não poderia deixar de fazer apenas duas ou três perguntas, tendo em vista que o noticiário foi mais em função da questão do atendimento aos acidentados. Minha pergunta primeira é nesse sentido: que providências o Vasco tomou em relação aos acidentados? Segunda pergunta: que assistência o Vasco continua a dar àqueles que ainda continuam a merecer de tratamento médico? E qual a gravidade dessas pessoas que ainda estão em atendimento?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Em primeiro lugar, eu queria dizer do que foi o preventivo. Aos que não conhecem, o Vasco talvez tenha o melhor Departamento Médico de clube de futebol do Brasil. Mas além disso instalamos mais três postos para atendimento médico. Se encontravam dentro do gramado, antes do jogo, quatro ambulâncias. As ambulâncias chegaram... Em vinte minutos do acontecido, todas as ambulâncias já tinham chegado, mais de vinte ambulâncias no estádio, mostrando que tinham-se tomado providências preventivas. Em relação ao atendimento, foi feito com a maior presteza que nós pudemos fazer. Os que puderam ser atendidos... A maior parte dos feridos eram em função de arranhões na descida ali daquele alambrado. Eles foram todos atendidos no Departamento Médico do Vasco. Os que necessitaram de atendimento nos hospitais, eles foram encaminhados pros hospitais e foram liberados. O Vasco se fez presente junto àqueles que lá estavam, os que continuaram, se colocando à disposição. Se necessário fossem removidos, se precisassem ser removidos pra clínica particular, eles seriam removidos pra clínica particular. E se colocou à disposição pra dar o atendimento todo necessário à parte fisioterápica, se alguém quisesse, inclusive no ressarcimento de qualquer prejuízo ou qualquer dano que eles pudessem ter no sentido de perda de dia de trabalho, seja lá o que for. Está lá aberto. O Vasco tem - imediatamente, no dia seguinte, colocou à disposição, apesar de se noticiar coisas diferentes -, tem lá uma sala exclusiva pra receber todos no sentido de que seja ali prestado todo atendimento. Essas foram as providências que foram tomadas no Vasco, além deles já terem uma proteção, como eu já disse, por parte do seguro que é feito para o torcedor.

O SR. DEPUTADO JOSÉ ROCHA - Em que estado se encontram essas pessoas que estão ainda em tratamento?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Todas elas saíram no dia seguinte. Todas saíram no mesmo dia, com exceção de três, e essas três saíram no dia seguinte. Pelo acompanhamento que temos feito, estão em recuperação plena. Quer dizer, o que teve o problema da fratura no joelho está com a perna engessada, o que teve o problema do traumatismo já está recuperado e a menina tá se recuperando.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Obrigado, Deputado José Rocha. Boa viagem pra V.Exa. Com a palavra o Deputado Geraldo Magela.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Boa viagem ao nobre Deputado. Eu queria, Sr. Presidente, Exmo. Sr. Deputado Eurico Miranda, reconhecer aqui a habilidade de V.Exa. ao se apresentar para depor, quando havia um clamor da sociedade, um desejo desta Comissão de ouvi-lo. É verdade que V.Exa. usa aqui uma tática que é muito usada no futebol, ou pelo menos diz-se que os técnicos usam, de que a melhor defesa é o ataque. E V.Exa. repete aqui um ato que este Parlamento viu recentemente na pessoa do ex-Senador, hoje cassado, Luiz Estevão, que, tendo a previsão da sua audiência pela CPI, se antecipou até para tentar pegar a CPI de surpresa. Acredito que V.Exa. não teve a intenção de pegar a CPI de surpresa, mas eu não posso deixar de lembrar que há alguma semelhança nesses atos. E gostaria de começar perguntando: o senhor disse que o amigo do Romário - não me recordo do apelido; Colméia, parece, Zé Colméia - teria levado um recado a V.Exa. e dito pro jogo terminar. O senhor confirma isso?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Bom, primeiro eu vou fazer as considerações em relação às considerações que V.Exa. fez. Devo dizer que não tem semelhança nenhuma. Devo lhe dizer que podia ser a sua intenção - e hoje tomei conhecimento que V.Exa. veio pra Comissão -, eu não sei como V.Exa. já sabia da intenção da Comissão sem antes vir pra Comissão, mas tudo bem.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Procuro ser bem informado.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Então estava bem informado. Eu não senti isso por parte da Comissão. Foi alguma coisa que V.Exa. sentiu da sua parte, não sentiu da parte da Comissão, pelo menos eu não vi isso da maioria dos integrantes da Comissão e dos que aqui estiveram presentes. Segundo, eu não me coloquei aqui pra me antecipar porque seria convocado pra depor ou não. A verdade e única dos fatos é que eu procurei - e disse isso aqui antes - o Presidente da Comissão e disse que não daria nenhuma declaração e que viria na Comissão no primeiro dia que a Comissão tivesse se reunindo. Porque se fosse pra minha convocação, como V.Exa. tá preconizando, nós iríamos aqui discutir e eu participando dela, da Comissão. Aí nós íamos discutir, ver se havia... se efetivamente era pra ter a convocação ou não. Eu acho que não se convoca Deputado e não se faz esse tipo de comparação. Não há semelhança entre fatos. Acho que no caso eu estou me propondo aqui, e me proponho em qualquer ocasião, a debater com V.Exa. em relação ao meu procedimento. Agora, V.Exa. fazer prejulgamentos, juízos de valor, eu não vou dar esse direito a V.Exa. não. Se quiser debater comigo, nós vamos debater. Aí eu vou dizer o que V.Exa. pensa também, o que eu acho que V.Exa. pensa. Agora...

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Estamos começando a fazê-lo.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Hein?

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Estamos começando a fazê-lo.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Estamos. Estou respondendo só ao que V.Exa. colocou.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Tenho uma série de indagações ainda.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Indague-me, mas não sem dizer que eu ia fazer isto ou aquilo. Eu não vou dar esse direito a V.Exa. não de fazer esse tipo de comparação.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não, não. V.Exa. não tem que me dar absolutamente nada que já é meu.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, eu tenho sim. Eu tenho sim.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não, não. O direito é meu.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, eu tenho sim. Não, eu tenho sim. Em relação ao Zé Colméia, eu disse claramente que ele me procurou - e tá ali registrado -, quando ele veio falar comigo, ele veio falar e disse assim pra mim naquele auge: "Doutor, o jogo não é pra ter outro jogo, perdão, não é pra continuar o jogo, porque no próximo jogo o Romário vai jogar". Foi isso que ele me disse.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - O que está escrito aqui que V.Exa. distribuiu é que - está escrito aqui -: "Zé Colméia, amigo pessoal de Romário, leva recado". Leva recado de quem?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Do Romário.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - O Romário é que disse?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - O Romário pediu que dissesse a V.Exa...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É. O Zé Colméia...

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - ...que suspendesse o jogo?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não. O Zé Colméia disse pra mim que o Romário mandou um recado no sentido de que o jogo não continuasse, que no próximo jogo ele jogaria.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Isso. Agora, veja. O Romário, quando termina aquele processo todo, ele pega a taça e vai e diz o seguinte: "Bom, zero a zero dá o Campeonato pro Vasco. Como o jogo terminou zero a zero, o Vasco é campeão". Se lá no início, lá quando da confusão, ele manda um recado para o Vice-Presidente do Vasco, dizendo que não era pra acabar o jogo, que era pra encerrar o jogo porque num outro jogo ele poderia estar em condições de jogar e, ao final daquele processo, depois de suspenso o jogo, ele pega a taça e declara pro Brasil inteiro que zero a zero era vitória do Vasco e por isso o Vasco era campeão, isso não terá sido premeditado?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não sei, aí eu não sei. Aí teria que saber o que o Romário pensa, aí é difícil. Aliás, eu pra adivinhar o que o Romário pensa eu faço um sacrifício enorme, porque o Romário pensa por ele e eu não tenho como. O que eu sei é que isso aconteceu. Sei que ele posteriormente, no vestiário, ele reuniu os jogadores, diante do clamor que estava com a torcida, que estava gritando do lado de fora e tal, que eles entenderam de fazer isso. E realmente, quer dizer, se o jogo fosse declarado, se o jogo terminasse zero a zero...

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Mas não podia terminar jogo com 23 minutos do primeiro tempo. Não existe isso em lugar nenhum.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não. Se o jogo.. o que eu estou dizendo é em cima da entrevista que você disse que ele deu.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não, eu disse, não. Todos nós conhecemos essa entrevista.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Tá bem, que ele deu, a entrevista que ele deu. Se ele deu uma entrevista dizendo que zero a zero era resultado pro Vasco, realmente zero a zero seria resultado pro Vasco, e o Vasco teria que ser proclamado campeão. Se o jogo tivesse terminado zero a zero.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Mas não terminou.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Tá bem e aí?

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - E daí não...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Aí foi premeditado o que que você quer dizer?

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - ...daí que o seguinte: há uma ação... V.Exa. traz à CPI uma declaração que todos nós desconhecíamos, nós todos vimos pelas imagens da televisão o cochicho do Zé Colméia no ouvido de V.Exa. Tínhamos muita curiosidade de saber o que ele disse. V.Exa. torna público hoje. Era uma orientação do Romário pra acabar o jogo. O Romário tem este procedimento ao final. É lógico que V.Exa. pode aqui, com todo o direito, dizer que não responde pelos atos, opiniões e palavras do Romário. Mas, sem dúvida alguma, em isso tendo acontecido e o Romário combinando essa declaração de V.Exa. com a atitude dele depois, nos permite no mínimo a dúvida de que não teria sido premeditado todo esse processo, claro que não o acidente, mas a orientação para a suspensão do jogo e a autodeclaração de campeão, até que V.Exa. também fez. V.Exa. posteriormente veio dizer que a única possibilidade era o Vasco ser declarado campeão. Depois V.Exa. foi reformulando essas declarações, mas sempre mantendo essa. Mas eu considero que é importante para a CPI conservar esta relação do recado do Romário com a imagem do Romário declarando que o zero a zero dava o título ao Vasco - e depois vamos tratar mais sobre isso. Mas eu quero fazer algumas outras perguntas a V.Exa.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Só que eu queria fazer uma consideração sobre isso. Eu acho que nessa premeditação o Governador entrou também.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Nós vamos chegar no Governador.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Ele tá junto.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não, não, nós vamos chegar no Governador.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu não sabia dessa ligação do Romário com o Governador, mas tudo bem.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não, não. V.Exa. vai ter que nos explicar muitas outras ligações com o Governador, se é que pode.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Vamos lá.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Então, vamos lá. V.Exa. disse aqui que não dispensou o Maracanã. No entanto, foi divulgado pela imprensa um ofício da SUDERJ, onde V.Exa. teria posto de próprio punho que não teria nada a opor porque o Vasco não jogaria no Maracanã, e uma assinatura de V.Exa. embaixo. Isso foi mostrado, V.Exa....

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Foi o que eu disse aqui. Não é ofício da SUDERJ. Eu quero repor a verdade, o ofício é da Sport Promotion.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Da promotora da Copa.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Sport Promotion.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - E por que a promotora da Copa tinha a ver com o Maracanã?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Comunicou ao Maracanã, pediu que entrasse, porque ela tem o Campeonato agora, o Rio/São Paulo, que vai começar, e o campeonato carioca que vai começar no dia 17.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Naquele momento, V.Exa. consultado sabia que tinha possibilidades do Vasco disputar a final.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu?

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Todos nós sabíamos. O Vasco estava num processo de disputa...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - E aí?

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - ...e ele tinha todas as possibilidades de chegar à final.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Tá bem, tinha.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Jogando a final, já que ele enfrentava o Cruzeiro que era único...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Se ele está disputando, ele tem possibilidade. Não, não tinha jogado com o Cruzeiro não.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não, não tinha. Mas já que ele disputava a semifinal com o Cruzeiro e era o único que poderia lhe tirar o mando de campo do último jogo e, se ele passasse pelo Cruzeiro, ele fatalmente, o Vasco, teria que jogar o último jogo no Rio, a menos que abrisse mão, e nós sabemos que isso não é lógico no futebol, seria plausível pensar que dentro das hipóteses trabalhadas existia a possibilidade do Vasco jogar a final no Rio de Janeiro. Portanto, num estádio que só tinham duas opções, conforme V.Exa. disse: ou o São Januário, que V.Exa. tinha total e absoluto controle, inclusive dos ingressos pra serem vendidos ou não, como fez não entregando ingressos para o São Caetano, como decidindo fazer o jogo no Maracanã. V.Exa., naquele momento, tinha o arbítrio de dizer que o Maracanã se mantivesse em condições de jogo para, caso o Vasco se classificasse para a final, fazer o jogo final no Maracanã. Por que V.Exa. dispensou o Maracanã?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Porque isso aí é uma opção. Eu não fujo nunca nem vou fugir a essa responsabilidade. Eu acho que o jogo pode e poderia ser realizado em São Januário, ponto final. Isso não tem o que discutir, sempre pôde.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Com menos condições de segurança, menos condições de atender à própria torcida do Vasco. O Vasco... V.Exa. disse que mandou 30 mil e 500 torcedores do Vasco. Se fosse no Maracanã, poderia ter ido 60 mil.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Escute, se nós... Eu vou ter que responder em cima das suas colocações.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Com certeza.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu não posso é ficar... estou no meio e V.Exa. vem. Esse negócio eu gosto. Se é pra gente ficar assim, eu gosto. É uma coisa que eu gosto muito.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Mas a Presidência não gosta não, Deputado Eurico Miranda. (Risos.)

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Então, pronto. Vamos deixar eu terminar.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Eu vou fazer um apelo...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Deixa eu concluir a minha resposta.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Por favor, antes de V.Exa. concluir... Por favor, eu quero aqui, quero não, vamos manter a ordem dos trabalhos. Então, o sistema é de perguntas e respostas. Não é nem de perguntas simultâneas nem de respostas simultâneas. Portanto, a cada pergunta do Deputado Geraldo Magela, que não será interrompido pelo Deputado Eurico Miranda, haverá uma resposta do Deputado Eurico Miranda, que não será interrompido pelo Deputado Geraldo Magela. É muito simples para que V.Exas. possam já dentro do limite do tempo concluir a sua inquirição.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Acato, Sr. Presidente. Terei o maior prazer de ouvir o depoente de forma integral.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Vou fazer a colocação. Em relação ao Estádio do São Januário, é opção. Eu relatei o fato que aconteceu em relação ao Maracanã, mas poderia até ser - e não vejo nenhum tipo de problema - que, em tendo o Maracanã, eu optasse por jogar em São Januário. Por quê? Porque o São Januário foi palco já de inúmeras decisões, e eu joguei uma primeira partida no Parque Antártica, que tem uma capacidade menor que São Januário. Então, não tem por que razão dizer que obrigatoriamente a partida... Aliás, o Governador foi muito infeliz nesse ponto, de dizer que o Maracanã... que desprezaram o Maracanã. Não, eu posso até dizer agora, e sem nenhum medo, que se eu tivesse... que eu poderia, tendo o Maracanã à disposição, eu escolher jogar em São Januário. Por quê? Porque, quando se começa uma competição, a competição estabelece no regulamento alguns itens, dentre eles os estádios onde vai se jogar as partidas e a capacidade desses estádios. Se no regulamento diz que as partidas têm que ser realizadas em estádios com capacidade até 15 mil pessoas, qualquer estádio até 15 mil pessoas podem ser realizadas as competições. Este regulamento claramente dizia que as partidas das fases preliminar e da fase de classificação eram limite e para a fase final, a capacidade era de 30 mil pessoas. Por que que se coloca, quando numa competição dessa, capacidade de 30 mil pessoas? Porque o Brasil não tem Maracanã, Mineirão, Morumbi, quer dizer, alguns lugares não têm. Se você colocar, vai prejudicar os que estão disputando a competição. Por exemplo, eu cito o São Paulo. O Santos quer jogar, pretende jogar suas partidas no seu estádio. A capacidade do seu estádio é 25 mil pessoas. Agora, por exemplo, no Rio/São Paulo, tem um item no regulamento que as partidas podem ser jogadas com capacidade até 25 mil pessoas. É por aí.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Eu vou...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Procure concluir, Deputado Geraldo Magela.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Sr. Presidente, é que eu dividi minhas perguntas em algumas etapas: o antes, o durante o processo e o depois. E eu quero fazer aqui uma pergunta. V.Exa. deu duas declarações aqui hoje, uma que disse que foram vendidos por volta de 30 mil e 500 ingressos.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Trinta e um setecentos e sessenta e um.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Isso, trinta e um setecentos e alguns ingressos...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - E 61.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Num determinado momento, V.Exa. disse que seria muita loucura suspender o jogo, ou um adjetivo parecido não sei se exatamente essa palavra, num estádio com 40 mil pessoas.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Aproximadamente.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Por que isso? Porque a diferença entre os dois números: o que vendeu e o que V.Exa. achou que tinha no estádio?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não. Eu coloco, eu coloco - e está aí gravado -, eu não falei com quarenta, mas com aproximadamente quarenta ou cerca de quarenta. Isso é um número que você joga porque eu, claramente - se eu tenho aqui 31.761 ingressos vendidos, tem provavelmente as crianças que entraram sem pagar, algumas pessoas que entraram sem pagar -,eu acho sinceramente eu acho que, pelas imagens que tem no estádio e se mostrou aqui, não deveria ter, não deveria ter no estádio mais de 35 mil pessoas. Mas o estádio comporta tranqüilamente 40 mil pessoas, sem nenhum problema.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Bom, V.Exa., pela exposição toda, através das reportagens, me faz chegar a uma conclusão que quem tem responsabilidade pela versão apresentada à imprensa... V.Exa. chega a dizer a Globo, a Rede de Televisão Globo, não poderia manter o processo do jogo indefinido por tinha o Uga Uga, a novela, para entrar. Eu tenho conhecimento pela imprensa e acompanhei o episódio do Gama, todo aquele processo, na época se justificava que o Gama não podia entrar porque não podia ter 21 times, porque a rede de televisão que patrocinaria, que cobriria com exclusividade o campeonato não aceitava mais de vinte. E nós temos informação que V.Exa. foi um dos principais articuladores do contrato de exclusividade com a Globo, que rendeu uma soma razoável de recursos para os clubes e que, naturalmente, deve ter sido positiva para os clubes. V.Exa., agora, passa uma idéia, neste depoimento, de que a Globo armou uma versão contra V.Exa., mas não se restringe à Globo. É como se toda a imprensa estivesse passando uma versão diferente. Eu pergunto: o Governador Garotinho teria acertado com a Rede Globo para suspender o jogo, na opinião de V.Exa.?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Veja bem, eu falei Uga Uga, mas eu não sei se é Uga Uga, é Uga Uga, pode ser uma outra novela, a novela das seis. Não sei se a Uga Uga é a novela das seis. Mas sem dúvida nenhuma eles estavam muito preocupados. Eles se preocupam com a grade de programação. Tem alguns episódios aqui que poderiam e deveriam, e eu acho que devem ser contados aqui com detalhes que eu vou me reservar para uma outra oportunidade em relação a que a Globo, como é que a Globo procede em relação - acho que é de alto, altíssimo interesse da CPI -, como é que está procedendo em relação a esses contratos da televisão. Eu não fui articulador de contrato com a TV Globo coisíssima nenhuma. Muito pelo contrário. Eu sou permanentemente um... Eu discuto os contratos com a Globo, sim, sempre procurando, e toda a minha participação tem sido sempre procurar que os clubes tivessem uma participação maior, não os clubes de uma maneira geral. Eu tenho sempre... Eu sou obrigado a defender os outros clubes porque estou sempre defendendo é o meu, estou defendendo o meu clube permanentemente. Então, eu, em função disso... O caso do Gama houve aí articulação, houve aí acerto, não comigo. Eu nem estava aqui. Houve aí acerto para a participação, não sei o que houve, eu só fiz as colocações que tinha que fazer que me chegaram ao meu conhecimento. O problema da Rede Globo é que tem coisas anteriores. Isso que está acontecendo aí, eu não quis partir, nem eu, eu não demonstrei nada. Eu só passei isso aqui. Cada um que pense o que achar que deve passar. Eu não disse que toda a imprensa fez. As imagens, os únicos que tinham as imagens eram a Rede Globo e a Sport TV, que é que tinham os direitos, que passaram para os outros. Quer dizer, se eles passaram com essa intenção, está aí claro o que eles colocaram. Se eles fizeram com a intenção de... Qual é a intenção deles eu não sei. Se fizeram por engano, também não sei. Eu só sei o seguinte: só sei que o campeonato vinha-se desenvolvendo, as coisas estavam seguindo, o campeonato precisava terminar, de qualquer maneira, até o dia 23. Por quê? Porque a Rede Globo tinha já vendido toda a sua programação, ela tinha vendido. Todo mundo sabe que tinha show do Roberto Carlos, que tinha Titanic, que tinha mais não sei quê, que tinha mais não sei quê, que tinha mais não sei quê. Todos sabem disso, que tinha isso. E o que acontece? De repente, por problemas, justamente pro aperto da competição, ela teve que ser estendida. E me responsabilizam por essa distensão. Por quê? Porque teria os jogadores, teriam que jogar, tinha uma proposta no sentido do Vasco jogar uma partida, num terça-feira, de noite, jogar depois de uma outra partida contra o Cruzeiro, numa quinta-feira, à tarde. Porque, na quinta-feira, tinha o Titanic. E, então, de noite tinha o Titanic, o Titanic não podia mexer, mas tinha, o Vasco tinha que jogar quinta-feira à tarde. Os jogadores não aceitaram isso e conseguiram que fosse dado um intervalo de 72 horas, só. Só que a TV Globo tinha um argumento de que o jogo Cruzeiro e Vasco estava vendido para 32 países. Esse jogo, pra vocês terem um idéia - é que isso é um assunto depois que a gente tem muita coisa pra discutir na frente sobre como é que funciona no futebol brasileiro -, esse jogo Cruzeiro e Vasco, que vai pra 32 países, o Vasco recebe por esse jogo 12 mil reais, e ele passa para 32 países. Eles me procuraram e falaram isso. Não, mas esse jogo está vendido para 32 países, ele não pode ser adiado. Eu digo: "Bota um outro, bota um outro jogo lá, que está aí, que tem aí, Grêmio e São Caetano" - que foi a grande revelação no campeonato. "Ah, isso eles não querem." "Ah e quer o meu?" Quanto é que o Vasco receberia? Doze mil reais. Passado para 32 países. Isso mexeu na programação. Eles tentaram cassar essa liminar que tinha dos jogadores, a televisão é que foi tentar cassar essa liminar através do seu advogado na Justiça do Trabalho, não conseguiu, e o jogo não se realizou, fui obrigado a realizar o jogo dentro daquelas datas estabelecidas. Eu sei que eles, a vida inteira, não vão perdoar isso. Mas eu estou pouco me lixando pra isso. Tem nenhum problema.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - E sobre a articulação do Governador Garotinho?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Ah! Pra mim, eu não sei se tem articulação. Pra mim, teve uma enorme dependência. Pra mim, quer dizer, qual é a minha opinião? Enorme dependência. Foi uma atitude absolutamente demagógica e pra atender, depois de ter dado uma ordem a um subordinado seu, pra chegar lá me procurar, me procurou assim: "Ô Deputado, - exatamente assim - "o senhor que está aí de camisa amarela..." Disse... Coronel Paulo, meu procurou e disse assim: "Deputado, eu vim a mando do Governador, o jogo vai reiniciar em três minutos". Depois ele dá as declarações que tinha isso. Eu me retiro. Ele volta e diz que, atendendo a um telefonema do Governador - não diz a mim -, mas, atendendo um telefonema do Governador, ele vai lá e cancela o jogo. Diz que não tem mais... Não cancela o jogo, ele diz que não tinha mais segurança, e o árbitro cancelou o jogo. Suspendeu o jogo. Eu aí me manifestei daquela maneira. Eu não tinha visto. Se o senhor pegar a fita, vai ter oportunidade, que a fita está aqui na CPI, pra ver com calma. Exatamente no momento que ele fala, dá essa entrevista que tem garantia, o Sr. Galvão Bueno diz assim: "Será que não há um autoridade nesse Estado que tenha consciência, que entenda que não pode acontecer e etc.? E simultaneamente apareceu um telefonema do Governador. Agora, se ele estava vendo o jogo, diz ele, depois, que tinha uma pessoa sobrevoando e que sobrevoando de helicóptero informou a ele essa situação. Você quer saber - e eu não sou de fugir de opinião... Se eu quero saber se ele fez aquilo a mando da Rede Globo, eu não posso garantir que foi, mas foi uma atitude demagógica, demagógica, e influenciado pelo que a Rede Globo estava dizendo pra todo o Brasil, sem dúvida nenhuma.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - O senhor, o senhor,...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Pra concluir, Deputado Magela, por favor.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Sr. Presidente, eu tenho mais quatro perguntas, vou fazê-las de forma objetiva.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Por favor, por favor.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não, é que V.Exa...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - O senhor vai fazer todas de uma vez, está certo?, porque os seus colegas, o senhor é o segundo Deputado a inquirir e já levou, pelo menos, cinco vezes o tempo do primeiro, que foi o Deputado Ronaldo Vasconcellos.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Eu quero pedir a V.Exa. a compreensão que quem está levando o tempo é o depoente com as suas longas respostas. As minhas perguntas têm sido muito objetivas.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Eu vou limitar o tempo de V.Exa. e o tempo do...

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Mas não deixarei de atender,...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - ... e o tempo do Deputado Eurico Miranda, também.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - ... não deixarei de atender à recomendação de V.Exa. Mas faço questão, Sr. Presidente, de fazer as perguntas. Então, já que é orientação de V.Exa. todas de uma vez, assim as farei. Mas gostaria de ter garantido o direito da réplica. Sr. Deputado, o senhor, naquele momento, estava ali como dirigente do Vasco da Gama. E depois, posteriormente, dizendo... Como Deputado do Vasco da Gama. Mas V.Exa. se dirigiu ao Governador com palavras agressivas, de baixo calão, ofensivas. V.Exa. considera... Primeiro, V.Exa. reafirma aquelas palavras? V.Exa. considera que isto é um ato digno de um representante do povo, inclusive da torcida do Vasco da Gama? É compatível com o decoro parlamentar? Segundo, o Presidente do São Caetano declarou, naquele momento, que, movido, segundo a imprensa, que movido por um espírito de fraternidade, um espírito de humanidade, que ele achava que o jogo não tinha como continuar; e V.Exa. deu depoimento exatamente no sentido contrário. V.Exa. estava ali como dirigente do Vasco, mas é impossível separar o cidadão, o homem e o Parlamentar. Este mesmo espírito humanitário não deveria ter prevalecido ali naquela hora e o interesse daquelas pessoas ali machucadas deveria ter prevalecido e V.Exa. ter sido um dos primeiros a pedir a suspensão do jogo? Terceiro, o pai da Nicole, aquela garotinha que teve uma, parece que perfuração, de parte do pulmão, declarou que, num determinado momento, no hospital, ele foi de certa forma pressionado por alguém que dizia que era para ele ter muito cuidado sobre o que ele declararia para não prejudicar o Vasco da Gama. V.Exa. tem conhecimento de, oficial, além da imprensa, desse processo? Teria algum comentário a fazer sobre isso, se teria partido de alguém ligado oficialmente ao Vasco da Gama? E, por fim, o seguinte: V.Exa. fez uma declaração que destoa em absoluto com o que a imprensa vem trazendo, dizendo que o alambrado foi feito pra que aquilo acontecesse, caso necessário. Mas as matérias e fotografias e filmagens mostram que a base da grade estava corroída por ferrugem. Isso contradiz a essa história de grades de contenção e grades de separação, que V.Exa. tenta justificar, porque estavam, de fato, corroídas. E V.Exa. ou o Vasco impediu que o CREA vistoriasse o estádio, que é, aliás, o órgão fiscalizador e que tem a responsabilidade de fazer isso. Foi por ordem de V.Exa., foi por ordem oficial do Vasco que o CREA foi impedido de fazer a vistoria? Foi por orientação de V.Exa. que o Vasco não deixou, inclusive, que a imprensa pudesse também fazer uma vistoria no estádio depois do ocorrido? São estas as perguntas que eu gostaria de deixar antes de posteriormente fazer a minha réplica.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Solicito a V.Exa. que seja breve na sua resposta, Deputado Eurico Miranda, por favor.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu vou tentar ser breve. Vou tentar ser muito breve. Olhe, eu sou Deputado até quando eu durmo com a minha mulher - eu só durmo com ela. Não deixo de ser Deputado nunca. Sou Deputado porque me deram 110 mil votos para eu estar aqui. Não comprei nenhum, nem pedi nenhum, nem prometi defender casa própria, saneamento, habitação, segurança. Podem pegar toda a minha campanha, todo o meu horário eleitoral, e eu só disse uma coisa. Eu peço voto para defender os interesses do Vasco. Votaram em mim. Repudiem os meus eleitores. Quando eu afirmo que sou Deputado do Vasco, que são os eleitores, foram os eleitores que me colocaram aqui. Sempre procurei, sempre procurei respeitar essa Casa, este é o meu segundo mandato, quem me conhece sabe disso, nunca procurei ter comportamento que permitisse que alguém pudesse dizer que eu estava contra o decoro parlamentar. Eu sou muito mais representante do meu clube do que qualquer outra coisa. Isso eu nunca escondi e vou continuar dizendo permanentemente isso. Agora, as colocações que foram feitas, o que a mídia colocou, não quer dizer que a mídia é que diga a verdade. A mídia pode receber algo distorcido. O meu sentido humanitário... Se o Deputado não sabe, mais de 5 mil pessoas dependem de mim diretamente. Se o senhor quiser saber o que é que faz pelos carentes, dê uma passadinha lá no Vasco, é meu convidado. Aliás, tem uma Comissão que vai ser constituída, que eu quero receber com o maior carinho lá no Vasco, para ver o que é que se faz com os carentes; o que é que o Vasco faz, que era obrigação do Governo, dos Governos. Vão ver o que é que o Vasco faz, o serviço que o Vasco faz. O atendimento social do Vasco, o lado humanitário do Vasco e de quem está à frente do Vasco. É só ir lá verificar. O CREA não foi impedido de entrar no Vasco. O CREA, foi colocado pro CREA que eles deveriam ir quando tivesse representantes do Vasco. Já estiveram no Vasco, já fizeram a vistoria, sem nenhum problema. Já lá estiveram, foi marcada uma data, tranqüilamente. A informação de impedido... A imprensa não entra no Vasco porque o Vasco estava interditado por uma decisão judicial, o estádio. O interesse da imprensa entrar no Vasco. Estava interditado. Então, o Vasco, hoje, está desinterditado. Se a imprensa tiver interesse em registrar efetivamente os fatos, temos nós o direito, aqueles que querem distorcer os fatos,...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Para concluir, Deputado.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - ... aqueles que querem distorcer os fatos podem e o Vasco tem o direito de não deixá-los entrar. Só isso. Aquilo não é um acontecimento público. A imprensa deve registrar os eventos públicos. Aqueles que não são, depende daquele que dirige se podem ou não o ingresso deles. Teve uma última coisa que foi colocada que eu não queria deixar passar dentro dessas perguntas todas...

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Eu perguntei sobre as acusações ao Governador...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Ah! sobre... Não, já falei.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Como o senhor tratou o Governador.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não . Tudo bem. O problema da grade.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - E a questão da Nicole.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, o problema da... Não, o problema da Nicole. Da mesma maneira que você tem essa informação que foi procurado o pai, eu tenho diversas que procuraram os... Diversos daqueles que deram entrevista foram procurados pra dar entrevista, inclusive recebendo algum. Também tenho isso. Também tenho essa mesma informação. Tenho essa informação de que alguns... Não é estranho que não aparecesse nenhum depoimento entre essas tal quarenta, ou trinta e cinco ou trinta, nenhum depoimento favorável? Só apareceu depoimento de... Será... Por que que não apareceu nenhum depoimento dos feridos que foram bem atendidos? Por que que não apareceu nenhum? Isso também é questão de cada um ver de que maneira se faz ou não se faz jornalismo. Em relação ao Governador, eu já tive oportunidade aqui de dizer, se eu estivesse hoje, se eu estivesse hoje aqui e tivesse que dar os adjetivos que eu dei ao Governador, eu não daria. Mas se me perguntarem se eu me arrependo do que eu falei dele na hora, diante do procedimento dele, claro que não, de maneira nenhuma. E tem mais, não estou ferindo decoro Parlamentar nenhum, porque se ferir decoro Parlamentar é dizer o que eu disse, então, muito poucos ficariam nessa Casa. Muito poucos ficariam aqui. Se o que eu disse feriu o decoro Parlamentar, o que eu tenho ouvido aqui, não de mim, principalmente até da outra Casa, o que eu tenho ouvido, aí, amigo, não há, não sei se isso aí é pra ferir decoro Parlamentar. Ficou alguma coisa por responder, Deputado?

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não... do alambrado, da corrosão do alambrado?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Ah!, o depois do alambrado. O alambrado está aprovado. Saiu fotografia no jornal, mas os laudos tão aí. O alambrado não quebrou, o alambrado cedeu. Se estivesse efetivamente...

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Porque estava corroído.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Quem viu as imagens...

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Se não estivesse corroído, não teria cedido.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não, não é isso.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não é isso?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não é isso. O alambrado, todo e qualquer coisa. Se fosse isso, se corrosão, se corrosão desse tipo, você não tinha mais nenhum viaduto nesse Brasil, nenhum. Todos eles tinham que ser interditados. Se esse tipo de corrosão que se encontra... O que foi constatado é que tem, e até no estádio todo, e em qualquer estádio do Brasil, e em qualquer construção que não seja uma construção nova, você vai encontrar... Lá não tem a corrosão ao ponto de dizer que o que já tinha atingido parte substancial... Eu não sou técnico, mas posso lhe garantir que efetivamente esta corrosão a ponto de ter sido a responsável por isso, isso não aconteceu. Eu quando falei sobre problema de grade de contenção e grade de separação é que elas são colocadas - isso vai ser provado nos laudos -, elas são colocadas de uma forma que elas agüentam uma determinada pressão. Em cima dessa pressão, elas cedem. Isso tecnicamente se explica. Eu não sou, eu não sou um engenheiro, mas uma determinada pressão ela suporta, a partir daquele momento não. E a outra é colocada de uma forma que ela tem que suportar uma pressão muito maior. E aí é chamada a grade de contenção.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Só pra informar os Srs. Deputados, o questionamento, incluindo perguntas e respostas do Deputado Geraldo Magela, levou quarenta minutos.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Falta a réplica.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Quarenta minutos. A Presidência não vai conceder réplica a V.Exa.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Eu tenho o direito.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Não vai conceder.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Eu quero trinta segundos, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Não tem, V.Exa. não tem direito.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Foram quarenta minutos. V.Exa é o segundo inscrito. Temos mais sete inscrições. Por favor, Deputado.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Sr. Presidente, eu faço questão porque me é garantido.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Não vai fazer questão.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não, eu faço questão de...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - V.Exa não vai fazer questão porque a Mesa decidiu que não tem réplica pra V.Exa.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não, V.Exa não pode me retirar a réplica, Deputado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Já tirei, já decidi, o próximo inscrito é o Deputado José Genoíno.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - V.Exa não pode me retirar a réplica, é uma garantia regimental.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Posso.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Eu me comprometo...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Posso. Não, senhor.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não, V.Exa. não pode.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Já tirei a réplica de V.Exa.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não...

(O microfone é desligado.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Sr. Deputado, V.Exa tem direito regimental a três minutos para pergunta, três minutos, com mais três minutos de réplica. O questionamento de V.Exa ao depoente já chega a quarenta minutos.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - V.Exa tem toda a razão. Eu não quero tirar a razão de V.Exa, que tem sido benevolente e tem sido compreensivo. Agora, V.Exa permitiu que eu fosse fazendo, quando me orientou que deveria fazer todas as indagações eu fiz. Disse que gostaria de ter a réplica. Tenho uma opinião sobre esse processo. Gostaria de externá-la. Não vou me confrontar com V.Exa.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Nem deve.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Eu respeito, eu respeito a autoridade da Presidência. Agora, V.Exa, pelo Regimento, poderia ter me alertado que eu tinha três minutos e eu me restringiria aos três minutos. Agora, gostaria de ter a réplica até para que eu possa dizer aqui aquilo eu penso e não tenha que dizer lá fora, sem dizer aqui.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - V.Exa tem o direito de dizer aqui, de dizer lá fora, de dizer aonde quer, está certo? Só que o procedimento de V.Exa, que participa pela primeira vez da reunião, é que não há réplica e nem tem havido réplica, no tipo de questionamento que tem sido feito por liberalidade da Presidência e acerto coletivo, que duram muito mais do que o tempo necessário, Deputado Geraldo Magela. É isso que eu compreendo a V.Exa. Mas a Mesa dá um minuto para V.Exa expressar a sua opinião final.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Não, vou usar trinta segundos, me comprometo com V.Exa.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Por favor.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Sr. Deputado Eurico Miranda, V.Exa fez uma afirmação agora que eu já acreditava que V.Exa pensava assim. V.Exa é Deputado o tempo todo, em tempo integral, portanto, lá V.Exa agiu como Deputado também. V.Exa assume isso. A partir desse depoimento e por decisões e até por encaminhamento que eu já fiz a esta Comissão, este episódio, a participação de V.Exa passa a ser investigada por esta CPI, até por iniciativa desse depoimento de V.Exa, que eu mantenho a minha afirmação inicial. E eu considero que seria muito bom para a CPI que V.Exa. se licenciasse da CPI, para que a CPI pudesse ter total liberdade, inclusive para ir ao Vasco sem ser recebido pelo Deputado Eurico Miranda, que pudesse ter total autonomia e liberdade para fazer esta investigação. Como V.Exa passa a ser investigado, seria de bom alvitre que V.Exa se licenciasse, é uma opinião minha. Se V.Exa disser que não, eu farei um requerimento propondo isso, e a Comissão deliberará. Muito obrigado.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Deixa eu...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Com a...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Não o quê, Deputado?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Desculpe. Desculpe, Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Desculpe de quê?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Ué, ele faz uma proposta dessa, ele faz uma proposta dessa, eu tenho que fazer uma pra ele. Vamos fazer um licenciamento conjunto, Deputado, e eu...

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Está topado. Está topado. Eu me licencio junto com V.Exa.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, vamos fazer um licenciamento conjunto pra que a gente possa se investigar mutuamente, Deputado.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA -Está topado.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Vamos nos investigar mutuamente, mas não do meu mandato.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Plenamente aceito.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - V.Exa. nem ninguém... V.Exa. nem ninguém tem o direito de interferir no meu mandato, Deputado. O mandato... Quem interfere no meu mandato...

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Eu já aceitei. Eu já aceitei, nos licenciamos para uma investigação mútua.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Quem interfere no meu mandato, quem interfere no meu mandato são os meus eleitores, mais ninguém. Mais ninguém interfere no meu mandato.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Mas já está aceita a sugestão de V.Exa.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - E tem mais, e tem mais, eu não gostei...

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Estamos licenciados a partir desse momento? Estamos?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não, licenciado para nós nos investigarmos, para nos investigarmos...

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Para investigação e ofereço a V.Exa meu sigilo bancário, fiscal e todo que V.Exa quiser.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não, para nós nos investigarmos mutuamente. Nós vamos nos investigar mutuamente.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Da minha parte está topado.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Agora, nessa parte, não. Aqui na CPI, Deputado, o senhor me parece o seguinte...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Deputado Eurico Miranda, não vamos fazer julgamento da participação de ninguém aqui.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Então, está bom, deixa eu não julgar. Parece que V.Exa desceu com uma intenção de tentar me provocar de alguma forma, mas não vai conseguir, não vai conseguir não.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Minhas intenções ficaram claras, eu fui absolutamente claro. Sr. Presidente, muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Com a palavra o Deputado José Genoíno. E ficam todos os Srs. Deputados advertidos de que, por acerto interno desta Comissão, mas com base no Regimento Interno, as perguntas feitas na base do critério pergunta e resposta não dá direito à réplica nem à tréplica. Então, V.Exas usem esse método e acompanhem a decisão da Mesa, que não era do conhecimento provavelmente do Deputado Geraldo Magela.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Sr. Presidente, vou fazer as perguntas de uma vez para ter direito à réplica. O Deputado Eurico Miranda vai olhando. Eu vou fazer as perguntas direto. Mas antes eu acho que é necessário uma preliminar, Deputado Eurico Miranda. E eu acho que essa preliminar apareceu um pouco no debate aqui. V.Exa tem o mandato Parlamentar pra falar o que bem entender, para criticar quem quiser criticar, seja Senador, seja Governador, e a imunidade Parlamentar com direito de opinião, de palavra é sagrada, a imunidade Parlamentar. Isso evidentemente não se estende a fatos fora do mandato que possam ser investigados pela Justiça. E a minha tese é que a imunidade Parlamentar não acoberta. Portanto, a polêmica de V.Exa. com o Governador, V.Exa. tem direito de dar as opiniões que quiser, está coberto pela imunidade, assim como os Senadores. Agora, os fatos relacionados com a partida, se forem apurados e investigados pela Justiça, aí é diferente, porque não se trata do direito de opinião. Só pra fixar bem essa linha. É...eu assisti o jogo, Deputado Eurico Miranda. Eu vou fazer as perguntas direto. Eu assisti todo o jogo, estava lá assistindo. Primeiro sobre a lotação. Sobre a lotação existiram depoimentos de dirigentes do São Caetano. E depoimentos gravados por rádio e pela televisão de que, na passagem pelas catracas, nem todos os ingressos passavam nas catracas, portanto, existiam ingressos que não passaram nas catracas. Eu vi a diretoria do São Caetano dizer inclusive que comprou cinqüenta ingressos, eles entraram e esses ingressos não passaram pelas catracas. Portanto, é possível que haja um registro de catraca diferente do registro do público que estava no estádio, porque esses depoimentos eu ouvi. Pergunta um. Dois: quando eu fiz a pergunta no momento inadequado sobre a volta olímpica, é porque os jogadores do Vasco, em declarações a jornais, que eu também acompanhei, que eu acompanho mais ou menos o esporte, eles declararam que foi orientação, quando estavam no banho, para irem para o estádio para fazer aquela cena da volta olímpica. Portanto, não foi dizendo que V.Exa não queria ir, é que eles disseram que receberam orientação da diretoria do Vasco para fazer a volta olímpica, e dois jogadores não foram, os dois Juninhos, o pernambucano e o paulista. Segunda pergunta. Terceira pergunta. Sobre a grade, Deputado, tem uma questão que é preciso esclarecer. Grade de separação, eu entendo, num estádio, é quando você está separando as torcidas, quando você está separando a possibilidade de conflito. Aquela grade, ela está separando a arquibancada do estádio. Quer dizer, ela saído, você cai no estádio. Esse é que é o problema, pela própria imagem, tanto da televisão, como a imagem que V.Exa mostrou. Portanto, eu critico e levanto essa questão sobre o conceito daquelas grades, porque elas não separavam torcida, elas seguravam torcida em relação ao estádio. É tanto que quando ela cede a torcida cai no estádio. Portanto, tem um problema com aquelas grades ali. Porque se era pra ceder, tem acidente, porque as pessoas caem no chão, como caíram no gramado, inclusive por cima de ferros que estão devidamente com pontas agudas. É a terceira questão. A outra questão, Deputado, é no que diz respeito ao famoso ofício do secretário de esportes. A televisão e os jornais noticiaram que a Secretaria de Esportes, através da SUDERJ, consultou oficialmente o uso ou não do Maracanã e que houve uma formalização de V.Sa. como, de V.Exa. como Presidente do Vasco, ou Vice-Presidente, de que não era necessário. Aí vem a seguinte pergunta, que não é só para V.Exa.: tanto o jogo no Parque Antártica, em São Paulo, o primeiro jogo, como o jogo em São Januário, em uma final de campeonato, era no mínimo uma temeridade com os torcedores. Tanto do Parque Antártica, como... Ou tinha o Morumbi, ou do São Januário, que tinha o Maracanã. Se os dirigentes do Clube dos Treze e os principais times que estavam disputando a final não se prepararam para um jogo que respeitasse melhores condições para o torcedor. E a última questão. Os dirigentes do São Caetano, em depoimentos públicos, disseram, não acusando V.Exa, que houve uma ameaça de que se eles não jogassem, eles sairiam de todas as competições, inclusive perderiam o direito que já estava garantido de participarem da Copa Libertadores da América. Eles afirmaram isso publicamente. Está gravado. Está exposto. Eles afirmaram isso. Disseram que a delegação que estava lá, era o Eduardo Viana, me parece que esse era o nome, teria feito essa ameaça. V.Exa tem conhecimento dessa ameaça? E se ela foi feita, o que que V.Exa acha dessa ameaça feita ao São Caetano que, se não jogasse, que era a posição desde o início, eles sairiam de todas as competições, inclusive da Libertadores? E foi dito ao vivo, que eu acompanhei esse depoimento do Presidente do São Caetano e também foi dito depois em programa de televisão. E a última questão mesmo, pergunta. Não foi uma falta de consideração a uma visão mais ética da organização de uma final não ceder pelo menos minimamente parte dos ingressos para o time adversário que foi jogar em São Caetano, considerando que a torcida do Vasco teve espaço naquele pequeno estádio que se realizou a primeira da semifinal, da final, que foi no Parque Antártica?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Meu caro Deputado José Genoíno, veja bem, foram tantas as perguntas que eu não... já... Mais eu posso fazer, se eu esquecer alguma...

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Eu tenho a réplica.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, se eu esquecer alguma, lembre-me, lembre-me. O problema, de algumas que eu me lembro, o problema da grade de separação... O nome grade de separação não é pra separar a torcida, é pra separar segmentos do estádio...

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Do alto pro chão?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Ali é queda.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não, era só pra separar setores do estádio. Separar lado b, lado c, cadeiras, têm essas grades, e separar o público do gramado, pra não ter o acesso ao gramado. Você pode colocar ali grade de contenção ou grade de separação. Quando se fala grade de separação, é que elas são colocadas de forma a receber um determinado peso. Quer dizer, vem uma força, chega ali, aquilo tem um determinado... Aquilo é calculado de uma forma que tem até um determinado número, aquilo ali agüenta, depois ela cede. Ela não quebra. Se for ver as imagens, aquilo serviu como fosse um escorrega, ela foi descendo, ela desceu e as pessoas utilizaram aquilo... Ela só desceu totalmente quando as pessoas começaram efetivamente a pisar e tal, e tal. Ela não quebrou, ela cedeu. Ela cedeu no sentido de evitar. E porque que é pra ceder? Pra evitar o esmagamento. Isso em relação à grade. O lado... Outra pergunta que foi feita, foi o caso da taça, do problema da taça. Já foi dito que a taça, eles foram ao campo, a torcida estava... Em todo momento, a torcida estava gritando, queria jogo, queria jogo, queria jogo, queria jogo. Estavam prontos pra invadir. Aí, sim, invadir. E aquele momento foi um momento que, de uma certa forma, acalmou os torcedores que se sentiram satisfeitos e conseguiram sair do estádio, no momento em que a PM já tinha começado a bater neles. Está aí o registro, foi aquele do momento do final do jogo. Em relação...

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - A lotação.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - ...ao problema da lotação. A lotação, quando eu disse inclusive que tinha, eu disse o número de ingressos que foi vendido. Eu disse o número de ingressos que foi colocado à venda. Eu disse o número de ingressos que passou. Tem aqui a totalidade do que passou na roleta, que foram 32 mil pessoas. Acho que passaram outras pessoas ali e que, pra mim, eu já disse que o número que tinha no estádio era de 35 mil ou 36 mil pessoas que tinha no estádio. Mas tem aí diversos depoimentos, está na televisão, as imagens provam isso, que havia separação. Estádio superlotado, quem vai a estádio, sabe o que é um estádio superlotado. Em estádio superlotado, as pessoas se amontoam, ficam umas em cima das outras. Ali tinha espaço, tinha espaço para que o torcedor pudesse, aliás, não da forma como até o Júnior falou que eles estavam confortavelmente, mas tinham alguns que estavam... Se a gente... As três primeiras fileiras - e tem as fotografias -, as três primeiras fileiras da arquibancada estavam vazias. Por quê? Porque tinham umas faixas, tinham faixas que impediam a visão. Eu me lembro tranqüilamente disso, porque antes do jogo começar, uns três minutos antes, eu pedi que baixassem aquelas faixas da torcida, porque, inclusive, permitia que os torcedores se acomodassem melhor. E tem as fotografias em relação à superlotação. Em relação ao problema dos jogos, eu já disse que tudo bem, pra ter o torcedor, pra abrigar mais que a capacidade do estádio, evidentemente que era de bom alvitre você ter um... passar pra um estádio que tem uma capacidade maior. Mas se você entender que deve ter, jogar num estádio que seja só pra 30 mil pessoas, o que você não pode fazer é permitir que entrem mais de 30 mil pessoas. Então, se o estádio, se realizar o jogo naquele estádio, eu não vejo nenhum tipo de problema. O que não pode acontecer é, se o estádio tem capacidade pra 35, você deixar entrar 50. Isso aí é que evidentemente contraria qualquer coisa. Agora, em relação ao problema da pressão do pessoal no São Caetano.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Não, é sobre a divergência da SUDERJ com V.Exa. sobre...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Vou falar da SUDERJ, vou falar.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Sobre o ofício.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Em relação ao problema da SUDERJ, eu já disse aqui e vou entregar aqui ofício na Câmara, aqui na CPI, pra não ter nenhuma dúvida. O ofício, o ofício foi da Sport Promotion, dirigido à SUDERJ, dizendo que os clubes não tinham etc. e que eu coloquei neste mesmo ofício, num fax, aquilo é um fax, eu coloquei neste fax abaixo "nada a opor", para que eles realizassem as obras. Eles estão pedindo à SUDERJ que realizem, que antecipem as obras, e eu coloquei "nada a opor", e eu vou deixar aqui com a CPI. Está claro qual foi a participação. Em relação ao negócio da pressão do, do... do Presidente do São Caetano, até acredito que tenha tido, aliás, nem tenho dúvida que tenha alguém que esteja lá que fosse que tenha falado isso pra ele e que se ele saísse de campo, ele perderia esse direito, e abandono de campo, sem autorização do juiz, acontece isso. Foi esta razão, porque quando o Relator aqui me perguntou: por que razão você não se insurgiu contra o reinício da partida como o São Caetano? Não adianta, se o árbitro determinar que vai ter o reinício da partida, se você abandona o campo, o teu time é que é punido. O que devem ter dito a ele é que se ele saísse realmente de campo, ele perderia todo esse direito, porque ele, ao abandonar o campo, tem uma série de outra penalidades, inclusive essa, talvez, da participação na Libertadores. Em relação aos ingressos do São Caetano, os ingressos foram colocados à venda com dois dias de antecedência. O regulamento da competição é claro que diz que, solicitado por escrito, você tem obrigação de colocar 10% dos ingressos da capa... dos ingressos colocados à venda à disposição do São Caetano. Eu não fui procurado, eu, em nenhum momento, eu não conheço nenhum dirigente do São Caetano; eu não sou, eu não fui procurado por nenhum dirigente do São Caetano. Quando me procuraram em relação aos ingressos, quando vieram me falar em relação aos ingressos, não tinha mais ingresso. Os ingressos que me pediram, eu dei, que era pra diretoria do São Caetano, e eu mandei dar os 50 ingressos de tribuna que eles me solicitaram posteriormente - eu mandei dar. Quando vieram me falar dos ingressos para a torcida do São Caetano, não tinha. O que aconteceu lá no estádio é que os ingressos foram colocados à venda antecipados e com antecedência, e que em determinado momento eu fui obrigado, entraram os cambistas nesse negócio, apesar de vender no máximo três ingressos para cada um, eu fui obrigado a selecionar, inclusive, as pessoas que estavam na fila, pra ver se eles não estavam a serviço de cambistas ou se eram efetivamente torcedores. Mas o ingressos foram todos vendidos ali. E uma última, uma última, uma última consideração que eu queria fazer foi sobre uma colocação sua sobre... é... sobre o problema da responsabilidade, sobre o problema dessa imunidade que V.Exa. colocou. Evidente que não sou eu, qualquer um, em relação à imunidade está aí, só que estão colocando algumas coisas como se efetivamente o responsável juridicamente por qualquer fato que tenha acontecido em São Januário venha ser imputado a mim. Aonde é que eles descobriram isso? Aonde é que alguém descobriu que alguma coisa que tenha acontecido em São Januário, que alguma negligência, alguma... alguma arbitrariedade, por que razão tem que ser imputada a mim? Por quê? Por que razão? Por que eu sou o Presidente do Vasco? Não sou. Não sou. Se juridicamente, se juridicamente...

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - É de fato.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não sou de fato, não sou de fato nem de direito. Serei de direito, sem dúvida, no próximo dia 16. Aliás, vou-lhe convidar pra minha posse.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Agradeço, Deputado Eurico Miranda.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É, serei de direito, mas se existe... Se vier as pessoas que estão ávidas, achando, podem esquecer esse outro lado também, porque não tem nenhuma responsabilidade jurídica, não é minha. Então, eu acho que tentei pelo menos responder parte das perguntas, não sei se respondi todas.

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Eu vou concluir com a seguinte réplica. Eu entendo, Deputado Eurico Miranda, que a atitude do Governador do Rio de Janeiro foi correta no que lhe competia constitucionalmente, em orientar a segurança pela não-realização do jogo. V.Exa. estava no seu direito de criticar o Governador, mesmo discordando dos termos usados. Pra isso, a imunidade permite que o Deputado diga o que bem entender, é o sagrado direito de opinião. Agora, sobre os fatos que possam ser investigados, como mandante do jogo ou como Clube dos Treze, fora da atividade do direito de opinião, do direito de legislar, do direito de fiscalizar que é o parlamentar, se houver alguma ação fora do direito de opinião, fora do direito de criticar, que V.Exa. tem para qualquer pessoa, seja pra nós, Parlamentares, para Senadores ou para o Governador, se for fato de investigação judicial, aí, para direito de opinião eu nego a... tirar a imunidade parlamentar. Mas quando for para atividade fora do direito de opinião, eu tenho adotado aqui na Câmara de votar favoravelmente à autorização para o Poder Judiciário fazer o julgamento que nós não podemos fazer. Eu acho que a CPI vai acompanhar através de uma Comissão o processo de apuração no Rio de Janeiro, de maneira arbitral, de maneira neutra, nem pra condenar, nem pra absolver. A relação que a CPI tem que ter com V.Exa. é uma relação parlamentar. Não estamos aqui pra lhe condenar, nem estamos aqui pra lhe defender. Estamos aqui para investigar o que aconteceu naquela tarde, que foi uma tristeza, uma frustração e um sentimento de revolta que tomou conta do País. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Com a palavra o Deputado Chico Sardelli. Tenha V.Exa. a palavra.

O SR. DEPUTADO CHICO SARDELLI - Presidente, nobre Deputado Eurico Miranda, nobres colegas aqui presentes, desculpa algumas colocações que eu tenho que fazer, nobre Deputado, mas eu só temo que isso tudo, quem seja condenado, no fim, não seja o São Caetano, quem vai pagar esse preço não seja, porque está parecendo a história do gigante Golias com o pequenino David. E olha, respeito o amor e o carinho com que o senhor trata o futebol do Vasco da Gama, os vascaínos, enfim, a sua base eleitoral. Mas também devo colocar que nós devemos respeitar os preceitos futebolísticos. Para que exista o Vasco da Gama, precisa existir o São Cristóvão, o Flamengo, enfim, os clubes pequenos acima de tudo. E algumas coisas têm que ser colocadas e que aqui já foram ditas e faladas. A culpa tem que caber a alguém. E quem dirige o futebol do nosso País mostrou a incompetência, quando foi dada essa atribuição, aliás, louvável do Clube dos Treze de poder ter a oportunidade na mão de dizer que tem gente que sabe fazer futebol de acordo, de direito, de fato, enfim, no nosso País. Infelizmente, na minha modesta opinião, o Clube dos Treze não compareceu. A culpa de determinação do incidente, seja em São Paulo, como colocou o nobre Deputado Genoíno, em São Januário, como estão lhe imputando, eu poderia dizer, com certeza, que o Clube dos Treze é responsável por isso, porque, temendo uma possibilidade de uma tragédia, deveria prever e deveria colocar esse jogo num campo de risco, um campo que não tivesse risco aos torcedores ou a sua torcida. Agora, eu vou deixar pra fazer as perguntas do São Caetano mais no final. O Clube dos Treze é uma empresa de fato ou é de direito, Deputado Eurico Miranda?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Empresa?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - V.Exa. quer dizer entidade.

O SR. DEPUTADO CHICO SARDELLI - É uma entidade, uma empresa? Como é que...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É uma entidade jurídica de fato e de direito.

O SR. DEPUTADO CHICO SARDELLI - O senhor hoje, aqui, defendeu, pelo o que eu entendi, o trabalho do Clube dos Treze. Deputado Eurico Miranda, o Clube Vasco da Gama faz parte do Clube dos Treze?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, V.Exa. não entendeu. Eu disse aqui que não faço parte do Clube dos Treze há mais de um mês. Eu era Vice-Presidente do Clube dos Treze. Renunciei no Clube dos Treze. Pra mim seria muito fácil eu chegar aqui e dizer que a Copa João Havelange foi isso, foi aquilo, foi aquilo outro. E eu fiz... eu disse que dentro das circunstâncias, acho que foi, foi bem dirigida, eram 106 clubes, eram três e eu coloquei... Agora, claro que o Vasco, o Vasco não é integrante, não, o Vasco é fundador do Clube dos Treze.

O SR. DEPUTADO CHICO SARDELLI - Na sua opinião, Deputado Eurico Miranda, uma das possíveis saídas, seja para a CBF, como FIFA, UEFA, não seria a criação dos comitês executivos? O que que o senhor acha disso?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Olha, eu, eu... Isso é um lado que eu tenho a minha opinião em relação a isso. Eu acho que existe um... eu acho que existe um preceito constitucional que precisa ser respeitado. Quer dizer, eu acho que a competência, a competência pra organização, isso está na autonomia, quer dizer, o clube tem que ser, tem que ter autonomia na sua administração, as entidades têm que ter autonomia na sua organização. Agora, isso não impede que elas sejam fiscalizadas. Quer dizer, o fato da fiscalização é uma coisa. Agora, a maneira como elas se organizam, isso é uma... eu acho que isso é um direito delas, das instituições. Eu sou contra muita coisa que está aí. Mas é um direito. Se os clubes se entenderem e se organizar de uma certa forma, eles têm o direito de se organizar. Se as federações têm o direito, querem se organizar de uma outra maneira, elas têm o direito. Quer dizer, o que a gente pode, quando muito, quer dizer, eu posso te dar a minha opinião pessoal, mas eu acho...

O SR. DEPUTADO CHICO SARDELLI - Que é importante.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu acho que isso aqui seria uma ingerência no que... Eu acho que devem ser... eu acho que não se deve prescindir nunca, eu ia entrar pra uma área que a gente vai levar até muito tempo discutindo isso, eu acho que o futebol não pode prescindir e o esporte não pode prescindir do dirigente amador. Agora, ele tem que ter o... se profissionalizar o máximo que ele possa, agora, sem se entregar. O que está acontecendo, o que está acontecendo, e o que a gente tem que lutar, eu vou lutar pelo menos contra isso, é no sentido de que a gente continue tendo dirigente amador e possa profissionalizar os nossos clubes de todas as áreas, não é só no futebol. O que eu não posso admitir é que a gente venda a nossa alma. Eu estou aqui, já disse que sou Deputado todo tempo, mas eu, eu tenho sentimento pelo meu clube, meu negócio aqui é o... eu não ganho um centavo pelo meu, no meu clube. Não há hipótese de um dia eu vir a receber um centavo do meu clube, não há essa hipótese. O meu negócio, como é de milhares de outros brasileiros, é a paixão e o sentimento que eles têm por um clube. Agora, nem sempre a gente, as pessoas fazem as coisas certas. Eu acho, pra deixar bem claro, há o direito... O direito da fiscalização é uma coisa. Agora, o direito, a determinação de dizer "tem que ser assim, só pode se organizar dessa maneira, só pode fazer de outra maneira", isso, não. Fiscalizar é uma coisa. Eu acho que essa CPI é perfeita no sentido de verificar, de buscar onde é que tem os erros, mas não nunca no sentido de dizer assim: "vamos constituir um comitê desse, ou um comitê pra fazer aquilo". Isso eu sou contra.

O SR. DEPUTADO CHICO SARDELLI - Quantos ingressos o Vasco solicitou junto ao São Caetano para a partida em São Paulo no Palestra Itália?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não sei, não solicitou. Eu não...

O SR. DEPUTADO CHICO SARDELLI - Mas foi solicitado?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não sou eu que faço isso. Pra você ter uma idéia, eu chego nesses jogos, quando tem esse problema, normalmente eu chego nesses jogos quando o jogo está acabando. Porque se eu for contar a você qual é a segurança que a gente tem pra ir a um campo desse, aí eu vou contar outras histórias. E o negócio do São Caetano e o jogo do São Caetano você não precisava nem solicitar ingresso, porque você acha que a torcida do São Caetano ia lotar o Parque Antártica?

O SR. DEPUTADO CHICO SARDELLI - Acho, lotou. E eu gostaria só... O local do Vasco da Gama, em São Paulo, estava reservado com todo o direito, de fato e de direito...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Estava lotado lá, né, com torcedor do São Caetano?

O SR. DEPUTADO CHICO SARDELLI - ... de São Caetano e vou dizer mais uma coisa: o São Caetano, ele fez de direito, disputou dentro das quatro linhas, com méritos próprios dos seus atletas, que indiscutivelmente não têm a estrutura que tem o Vasco da Gama, mas conseguiu seu direito dentro das quatro linhas de derrotar Grêmio, de derrotar Palmeiras, de derrotar Fluminense dentro Maracanã...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não estou tirando o direito dele, não; muito pelo contrário.

O SR. DEPUTADO CHICO SARDELLI - ... e foi lá cumprir o seu papel e fez por merecer estando lá. E logicamente foi cedido uma parte do estádio do Palestra Itália, foi colocado à disposição do Vasco da Gama. E de direito, isso é normal. Agora, eu também me assusto porque, pelo que eu sei, o Palestra Itália é um estádio seguro e acho que o senhor não deve ter tido problema de segurança dentro de um estádio como o Palestra Itália em São Paulo. De qualquer forma, eu já vou pedir antecipadamente, mesmo que a diretoria do São Caetano pra esse próximo jogo, que eu acho que não deveria acontecer, mas já que o Clube dos Treze teve a irresponsabilidade de tomar essa decisão, deixe reservado um lugarzinho para os nossos queridos torcedores de São Paulo, que lá estarão com camisa de Palmeiras, de outras...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não peça isso a mim. O Tribunal já determinou um percentual de ingressos que vai estar à disposição do São Caetano.

O SR. DEPUTADO CHICO SARDELLI - Mas o Tribunal poderia ter determinado também no estádio do Vasco.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Era só pedir ao Tribunal que determinasse.

O SR. DEPUTADO CHICO SARDELLI - E não foi determinado. Só pra encerrar, Deputado, eu fazia essa pergunta um pouquinho antes. A imprensa de São Paulo disse em alguns jornais, em algumas rádios - eu tive a oportunidade de ouvir -, que não foi bem recebida dentro do Estádio de São Januário, ou seja, não tinha lugar reservado, não tinha lugar coberto, foi colocado ao sol, não tinha água pra tomar, não tinha sanitários à altura do trabalho que teve outros membros da imprensa local. É verdadeiro isso?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Bom, se você quiser colocar pra São Paulo pode ser, mas a imprensa normalmente não é muito bem recebida em São Januário não. Quer dizer, a imprensa de uma maneira geral. Mas se você quiser botar pra São Paulo, pode ficar também pra São Paulo. Ela não é muito bem recebida. Não é muito bem recebida por mim. Eu não recebo realmente muito bem. Se eu pudesse, eles não entravam lá, isso não tem a menor dúvida. Mas eu não posso. Agora, eu posso dizer especificamente desse caso da imprensa de São Paulo que lá tem um número de cabines, que foram pro jogo 80 rádios, 70 rádios. Num espaço de 30, não cabem 80. Então, os que sobram ficam em condições diferentes. Se o regulamento fosse cumprido à risca, que é o que deve ser feito, não haveria esse problema da imprensa de São Paulo, sabe por quê? Simplesmente eles não entravam. Acabou o número de cabines, não pode entrar mais. Porque quando se vai transmitir uma Copa do Mundo, se você não requisitar antes e não pagar antes dentro daquele limite, você não vai e não transmite. Aqui é que você tem o direito de transmitir, de esculhambar quem faz, não paga nada. Pelo contrário, tem o direito de chegar lá, vai lá, começa a dizer: "isso aqui é uma bagunça, não tem ar condicionado, não sei quê". Você constrói a cabine pra eles, bota tudo, eles têm o direito de esculhambar, não pagam nenhum centavo, mas está tudo certo. Em qualquer parte do mundo, pra você ir lá transmitir, você requisita antes, você aluga, você paga e você passa a ter direito. Aí, quando isso vier acontecer aqui neste País, aí já não vai ter mais essa reclamação, porque o pessoal só vai reclamar dizendo assim: "Olha, eu paguei, e paguei mediante essas condições, e não estão me dando aquilo que está previsto no contrato". Infelizmente hoje eles só recebem, não pagam nada.

O SR. DEPUTADO CHICO SARDELLI - É só, Sr. Presidente. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Muito obrigado, Deputado Chico Sardelli. Com a palavra o próximo inscrito, Deputado Nelo Rodolfo. Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Presidente, só queria reiterar a V.Exa. que, a partir das próximas audiências, quando o Regimento foi feito, evidentemente o Regimento é feito pra ser cumprido, se eu usar os meus 3 minutos, o Deputado e o nosso nobre depoente, excepcionalmente hoje como depoente, responder também rapidamente e eu fizer a minha tréplica, todos os depoimentos vão ser mais objetivos e ficarão melhores, mais objetivos e menos cansativos. Eu volto agora perguntando ao Deputado Eurico Miranda, eu continuo insistindo com V.Exa. que mais uma vez o futebol de São Paulo foi o grande prejudicado. O São Caetano foi prejudicado, está com o time desmontado, vai voltar a treinar amanhã. Não é justo a realização desse jogo dia 18, o senhor sabe disso. O Vasco, antes da decisão do Clube dos Treze, antes da decisão do STJD, o senhor já tinha colocado o seu time pra treinar. E é sobre essa questão que eu queria colocar de V.Exa. a seguinte indagação: por que é que os jogadores do Vasco estão tendo duas atitudes? Quando eles iam jogar com o Cruzeiro, eles foram ao sindicato, recorreram ao Sindicato dos Atletas do Rio, e conseguiram empurrar o jogo do Cruzeiro por 10 dias. E agora o sindicato quer recorrer pelas férias dos jogadores, e os jogadores do Vasco estão se negando a assinar qualquer tipo de documento e dizem que vão pra campo. Eu queria que o senhor, como dirigente e Vice-Presidente do futebol do Vasco, me explicasse essa situação. São dois pesos, duas medidas? O que acontece? Eu não entendo. Quer dizer, vai jogar com o Cruzeiro, na época do jogo vai lá entra com um pedido no sindicato do Rio, no Tribunal do Rio, se consegue a liminar. Agora, que o jogador está em férias, está no gozo do direito dele, ele vai lá e não quer entrar com pedido nenhum. Dá pro senhor me explicar isso, Deputado?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Dá, fácil. Primeiro, em relação ao problema do futebol de São Paulo foi prejudicado, que culpa tem o Vasco?

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - O senhor tem que admitir que alguém, o Vasco foi totalmente beneficiado.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Beneficiado? Aonde? O Vasco foi beneficiado?

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - No sábado do jogo, no sábado do jogo, o senhor declarou o Vasco campeão. Os jogadores saíram lá proclamando o campeonato. Na segunda-feira, dois dias depois do jogo, o senhor declarou que o Vasco era o legítimo campeão.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não...

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Com a pressão popular, o senhor pediu um novo jogo...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não. Desculpe, Deputado. Vamos...

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - É só a gente recuperar o noticiário.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Então, vamos recuperar. No dia do jogo, no dia do jogo, colocado pra mim: "se não tiver um outro jogo, o Vasco é o campeão", porque não tendo uma outra partida...

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Estou ouvindo, Deputado, pelo amor de Deus. Por favor.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - ...se não tiver outra partida, vai prevalecer o resultado de uma partida, e pelo regulamento o gol feito fora, se for decidido numa partida só, o Vasco é campeão. O Vasco, eu não me pronunciei depois daquele dia uma única vez.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Me permite só um aparte? O regulamento determina também que se fosse realizado dois terços do jogo. E o jogo parou nos 23 minutos do primeiro tempo.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Está bem, eu só falei na hipótese. Essa hipótese não existiu.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Não existe. O jogo não existiu.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Essa hipótese não existiu. Na hipótese de ser um jogo só, o Vasco seria campeão. Essa hipótese não existiu. Tão logo, no primeiro dia útil, a diretoria, os poderes do Vasco se reuniram diante disso e saiu uma nota oficial do Vasco em que o Vasco colocava toda a situação que estava vindo na imprensa - não foi minha, foi de todos os poderes do Vasco - e que ali o Vasco pedia a realização de um novo jogo. Era o que o Vasco pedia, só pra dizer que não houve mudança. Eu queria, objetivamente, responder...

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Não, objetivamente, eu só queria discutir com o senhor só que a vontade do Vasco está prevalecendo e alguém está sendo prejudicado.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não está. Deixa eu te contar sobre os jogadores, o problema dos jogadores. Vamos botar as coisas nos devidos lugares. Os jogadores, o Vasco e o São Caetano, não vamos agora dizer que alguém foi prejudicado ou não foi prejudicado, querer levar pra esse lado porque esse não é o lado, todo mundo e o Brasil inteiro queria que o título fosse decidido, e quer que o título seja decidido, no campo; não quer que o título seja decidido porque fulano vai levar vantagem ali, ou levar vantagem acolá, ou porque foi no "tapetão". Tirando esse lado regional etc., o Brasil inteiro quer que seja decidido no campo. Agora, vamos à parte prática e o porquê do comportamento. Reiniciam as atividades para o Vasco e para todos os outros clubes de São Paulo, os grandes clubes de São Paulo, no dia 17. E reinicia pro São Caetano dia 20. O São Caetano vai voltar a jogar no dia 20. Então, aonde é que um jogo marcado pro dia 18 está interrompendo férias de alguém? Aonde? Se você vai ter um jogo no dia 20, se vai ter um jogo marcado pro dia 18 vai interromper? Sabe o que aconteceu em relação ao Vasco e ao comportamento do pessoal do Vasco? O Vasco tem uma partida marcada no dia 17 pelo Torneio Rio/São Paulo contra o São Paulo. Pra que isso pudesse acontecer, o Vasco vai jogar contra o São Paulo, no dia 17, com um time e vai jogar com outros jogadores, no dia 18, a decisão com o São Caetano. Então, o que se procurou... Quer dizer, a posição do Vasco - estou me colocando dentro da posição do Vasco -, a posição do Vasco diante disso, entrando agora realmente no lado esportivo, teve uma decisão. Eu devo-lhe dizer, estou lhe dizendo aqui: eu não participei da decisão. Não influí na decisão. Fiz questão de não participar. Eu não sou membro do Clube dos Treze. Não participei da votação. Devo-lhe dizer que dentro até...

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - O senhor não participou da votação, mas participou da reunião.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não, senhor. Eu estive lá pelo Vasco e saí e não participei da reunião. Não participei da reunião, não participei da votação, não influi absolutamente em nada. Muito pelo contrário, o que eu tomei conhecimento o Presidente do São Caetano é que esteve lá, saiu da reunião botando um "V" da vitória, não sei o quê, parecia que tinham decidido. Soube eu depois que houve ali um empate de 3 a 3 e que foi decidido no 4 a 3 ali num voto de Minerva. Então, acho... Eu quero dizer que a posição do Vasco está muito tranqüila nisso. O que eu estou querendo sinceramente é ver se a gente consegue resolver esse problema que foi criado. Se de repente pro São Caetano não era interessante jogar no dia 18, ele que dissesse assim: "Vai jogar no dia 20". Só que eles colocaram o seguinte. Eu estou lhe colocando que o São Caetano tem um jogo no dia 20. Ele joga no dia 20.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Mas certamente o jogo da decisão do título brasileiro é mais importante do que o jogo do São Caetano no dia 20. Que o Vasco tem o time montado, e o São Caetano está com o time desmontado. Essa é a minha colocação.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Está bem.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Eu só quero saber se o senhor acha justo que o jogo seja dia 18?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu não vejo outra data que possa ser realizada o jogo.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Não pode ser dia 30 de janeiro, dia 15 de fevereiro? Qual é o motivo da pressa?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Aí é que o São Caetano vai ser prejudicado.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - O senhor mesmo adiou o campeonato, adiando o jogo com o Cruzeiro.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu não adiei nada.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Os seus jogadores.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu não adiei nada.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Os seus jogadores pediram o adiamento.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não. Se a gente for voltar atrás, é que tem... isso aí são coisas que precisam ser vistas. Você sabe qual foi o primeiro clube a adiar jogo na João Havelange? Cruzeiro. Sabe qual foi o segundo? Flamengo. Sabe qual foi o terceiro? Santos.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Mas o Vasco adiou quando estava no final do ano.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - O Vasco não adiou nenhum. A Justiça foi a última a adiar um jogo do Vasco. Todos os outros adiaram. Por isso que levou a essa situação.

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Sr. Presidente, estou satisfeito com o nosso nobre Vice-Presidente, Deputado Eurico Miranda, com as suas colocações.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Quero dizer ao Deputado Nelo Rodolfo, com o maior respeito, que acho que V.Exa. não podia ter outro posicionamento aqui em defesa do São Caetano. Tem que defender efetivamente o São Caetano, não pode deixar de defendê-lo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Com a palavra o Deputado Eduardo Campos. Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs. e Sras. Deputadas, Deputado Eurico Miranda, o Vasco tem débito com o INSS?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Nenhuma renegociação de débito com o INSS?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Débito trabalhista?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Já teve, durante esse último tempo, alguma vez a renda confiscada por alguma ordem judicial?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não. Por ordem judicial, não. Pode ter sido que em alguma discussão de alguma ação que tenha tido na Justiça em termos de garantia etc., pode ser que tenha isso acontecido, mas confiscada, não.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - E no passado recente, alguma vez, em algum jogo, estiveram presentes na bilheteria...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Tem agora uma aqui desse último jogo foi pedido o depósito, mas já foi superada essa decisão. Em relação a esse último jogo, teve o pedido de depósito pra garantia, mas já foi modificado.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Pra garantia de quê? V.Exa. podia me...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Em relação a essa interdição que houve do estádio...

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Mas já após o jogo ou antes do jogo?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Após o jogo.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Após o jogo. Durante a Copa João Havelange, algum jogo esteve presente, na bilheteria do São Januário, alguns fiscais do INSS, fiscais de Prefeitura atrás de parte da arrecadação para cumprir obrigações que o Vasco podia ter com algum desses entes públicos, não?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Não. Quem é que imprime os ingressos dos jogos que são realizados no São Januário?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É uma empresa especializada.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Qual é o nome?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Acho que é Quadram.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Quadram. Essa mesma empresa fornece esses ingressos pra - é do seu conhecimento - outros clubes, pra outras federações?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não sei. Os ingressos são magnéticos. Eles são fornecidos pro Vasco, mas a responsabilidade deles é unicamente na feitura do ingresso.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Quais são as marcas de segurança que têm esses ingressos? Eles são código de barra, mancha d'água?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Código de barra.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Código de barra. As borboletas de ingresso, as catracas de ingresso do São Januário elas fazem leitura ótica?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Fazem leitura ótica... A leitura ótica no sentido de permitir a...

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Coloca... Feito o metrô? Coloca o ingresso...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - ... a validade ou não do ingresso. Se não for dentro daquele código que está estabelecido, ele rejeita.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Esses ingressos, portanto, são colocados na máquina?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Engolidos.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Engolidos. É do seu conhecimento, pelo menos é do meu conhecimento e eu ouvi depoimentos inclusive de jornalistas, de um jornalista que foi ao jogo no dia 30, acompanhado da sua esposa e de uma outra pessoa, e que o bilheteiro, lá na máquina, estava pegando o ingresso antes de colocar na máquina e jogando num saco ao lado da borboleta, ao lado da catraca. É do seu conhecimento esse tipo de prática, esse tipo de coisa?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não. Às vezes pode ocorrer isso, pode ocorrer se de repente acontecer algum problema na roleta que esteja impedindo ela de... Ele, aí, em vez de colocar na roleta, tem que colocar do lado. Isso aí pode ocorrer.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Mas não é do seu conhecimento que ocorreu isso durante o jogo, é do seu conhecimento?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, mas pode ter ocorrido.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Pode ter ocorrido.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não é nada de ...

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Esses ingressos que são vendidos, são impressos, eles são impressos já definindo o jogo? Por exemplo, o ingresso vendido pro jogo do São Caetano, segundo depoimento de V.Exa vendido dois dias antes, ele... ele já especificava que era só pra aquele jogo ou ele poderia ser usado numa outra partida do campeonato local do Rio de Janeiro.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não. Os ingressos, lá, são o seguinte: os ingressos lá são uns ingressos bonitos, que têm de um lado escrito 100 anos de sucesso e com as cores do Vasco e do outro têm aquele... aquela... aquela tarjeta...

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Código de barras.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - ... e aquele... e se coloca ali pra que jogo, pra que jogo...

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Já define pra que jogo.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Já define. Eles a... agora, o que pode acontecer? Pode acontecer, já lhe adiantando o que pode acontecer. Algumas vezes, as pessoas, com aquele ingresso até é bonito, tem gente que pode até comprar o ingresso e ficar com o ingresso. Pode usar o ingresso de... de um outro jogo. Quer dizer, às vezes, você sente que os ingressos que você coloca à venda não batem com o... os ingressos que são devolvidos e aqueles que são vendidos, sinal que alguns não foram apresentados. Isso ocorre. Aí pode ocorrer que em um jogo, você tiver com o ingresso de um outro jogo pra aquele jogo, isso pode.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Então pode ter ocorrido o ingresso de mais de que 32 mil pessoas no jogo...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Pode, eu já disse isso aqui.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - ... com o São Caetano.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu já disse que pode. Pode ter ocorrido, mas posso lhe garantir que não tem superlotação. Com os espaços que estavam lá, 32, 32 mil não é a capacidade do estádio.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Não, veja bem. Há um fato, no meu... a nível da minha informação, um fato novo, Sr. Presidente e Sr. Relator. Na hora que você pode entrar no jogo com um ingresso comprado pra uma outra partida...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, você pode entrar, não.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Pode.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu estou dizendo: alguns podem ter, e pode ocorrer de ter esse ingresso, chegar lá... Se você colocar, o ingresso é rejeitado. Esse ingresso que não tem esse código de barra, ele é rejeitado.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Não, o ingresso que tem código de barra, que foi vendido pra uma outra partida...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Ele é rejeitado, tem um outro código.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - E como é que a pessoa, porque o que V.Exa. acabou de dizer foi que...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu já lhe disse que pode acontecer esses casos, veja bem, vamos...

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Vamos objetivamente.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - ... objetivamente. O ingresso tem um código de barra, ele é engolido. Pode acontecer o seguinte caso: às vezes, a catraca tem um determinado problema, enquanto vem aquele que tem que liberar a catraca, você coloca o ingresso, você em vez de colocar o ingresso na catraca, você coloca o ingresso no saco, que isso é diretamente no saco, que é lacrado, não é um saco aberto, é o local que você, é como se fosse uma caixa, você coloca aquilo num saco fechado, com uma boca, aquela chamada boca... acho que é boca de lobo, sei lá como chamam isso, quer dizer que você coloca aquele ingresso ali dentro. É fechada, que você não pode meter a mão e tirar de volta o ingresso, entendeu? Você coloca... Esse é um caso. E há o caso de a pessoa ter ingresso, que não seja de jogo, do código de barra, mas que ela vai colocar ali e o ingresso é rejeitado. Você me perguntou isso: se essa hipótese já... só que ele é rejeitado. Ele entra e a máquina não aceita. E aquele ingresso não é válido. Eles não devem deixar entrar. Agora se você me perguntar: deixaram entrar com esse tipo de ingresso? Eu não, não posso chegar aqui e dizer pra você, garantir: não, eles não entraram com esses ingressos. Havia ordem rigorosa no sentido de que isso fosse respeitado, agora, se não foi, não sei.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Quem define a quantidade de ingressos que é vendido por jogo? É o senhor? É V.Exa?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - No estádio, no estádio?

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Não, quem define a quantidade de ingresso que vai ser impresso e colocado à venda por jogo, é V.Exa?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Já há um... não, já está padronizado no Vasco, quer dizer, tem a carga total, ou você coloca a carga total ou não coloca a carga.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Que seria?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Trinta e dois mil e pouco.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Numa partida realizada... no meu entendimento, tudo, todos esses problemas que aconteceram na Copa João Havelange, não a fatalidade em si, do que houve em São Januário, ela tem uma origem muito mais geral, que é a falta de autoridade, que a CBF perdeu diante dos clubes brasileiros em função de tudo que essa CPI tem como objetivo investigar, e permitiu que o Clube dos Treze, diante da perda de autoridade que a CBF teve de realizar um campeonato efetivamente nacional e não esse que é um campeonato de oitos Estados só. Daí, eu queria lhe perguntar o seguinte: é... a autoridade, o seu depoimento aí, que a autoridade em campo é o juiz.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - É o juiz e está no regulamento. Mas nos jogos promovidos...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, isso não está no regulamento não. Isso está na lei da FIFA, na lei do futebol.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Na lei, na lei. Na lei do futebol, que é um regulamento. É... se é verdade isso, é verdade também que, no campeonato estadual ou no campeonato nacional, ao realizar-se um jogo, a Federação manda um delegado, chama o delegado da Federação em campo, não tem essa figura?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Manda. Tem.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Qual é o papel dessa figura?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É verificar o que acontece e fazer um relatório posterior. E também intervir no... durante o jogo, ele é que...

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Ele é uma autoridade acima do juiz?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Do árbitro? Não.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Ele é uma autoridade acima do dirigente do clube que tem o mando de campo?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Ah, é.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Ele é uma autoridade acima?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Isso é. Vamos tentar situar. Do jogo, propriamente dito...

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - É o juiz.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - ... duas horas, duas horas antes, duas horas antes do jogo, ninguém mais pode interferir na partida: adiar, não adiar, mexer, suspender etc. O árbitro é que é a autoridade pra isso. Quer dizer, até pode, você, mas você vai acima da autoridade dele. O delegado do jogo. O delegado do jogo, o árbitro não se dirige ao mandante, ao presidente do clube mandante ou do clube visitante, não. Pode até falar, mas ele só se dirige ao delegado. Se você quer saber, hierarquicamente, como é que funciona, hierarquicamente é assim: o delegado do jogo, numa partida, no estádio, ele é que vai determinar se, efetivamente, vai ter, vai sair gandula, o árbitro vai se dirigir a ele ou ao comandante do policiamento e pedir ao delegado que providencie isso, não vai falar com...

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Quem era o delegado do jogo na final da João Havelange lá no São Januário?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Quem foi?

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Quem foi o... Tinha um delegado?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Era o Eduardo Viana, tinha.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Mas ele era delegado designado por quem, pelo Clube dos Treze, por...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, é porque... deixa eu... vamos lá. Como é que funcionou na Copa João Havelange? Da mesma maneira como funcionava, como funciona, funcionou nos campeonatos brasileiros. Como funciona no campeonato brasileiro? A Federação local é que indica o delegado, a Federação local, no jogo, o delegado ou é o presidente da Federação ou uma pessoa por ele indicada. E na Copa João Havelange funcionou dessa maneira. O delegado do jogo, como funciona na... funcionava no campeonato brasileiro, ele passa a ser o delegado do jogo seria, no caso, o representante da CBF.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - O delegado... ou seja, a Copa João Havelange, ela usou toda a estrutura da CBF. A única coisa que não aconteceu foi que a CBF não definiu...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não usou da... é verdade.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - ... não definiu nem o calendário nem definiu os termos do contrato de transmissão de televisão. Foi mais ou menos isso que aconteceu, que eu estou...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Umas das razões da minha demissão é que eles fizeram... Aliás, nós tivemos oportunidade aqui de... aliás, foi V.Exa, aqui, que me mostrou. Eu, no dia seguinte a V.Exa. ter me mostrado aquilo aqui na CPI, eu pedi demissão do Clube do Treze, quando V.Exa. mostrou aqui uma escalação de árbitros, uma escalação de árbitros que era...

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Assinada pelo Vice-Presidente da Federação Paulista.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - ... assinada, quando teve aqui o Armando Marques, assinada e no papel da CBF. Quando eu achava que estava sendo feito totalmente desvinculado, que o que estava, o que foi combinado era que na Copa João Havelange nós teríamos é... primeiro, se criaria uma comissão disciplinar, independente do Tribunal etc., só pra competição, depois se criaria um comitê de arbitragem, que era constituído pelo... por um representante de São Paulo, um representante do Rio, um representante de Minas. Eram uns representantes. Estava lá, não me recordo agora basicamente quais seriam, quem constituiria essa comissão. Aí, aconteceu o seguinte: primeiro, em relação à comissão disciplinar, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva não... não aceitou que a criação desse comitê disciplinar, porque achava que... que estava contrariando a legislação. E eles começaram a fazer esse negócio da arbitragem e buscaram lá na... o Armando Marques, lá na CBF, quando V.Exa. denunciou isso, eu pedi demissão. Eles tinham falado que iam proceder de uma maneira e eu... e eu vi que eles estavam procedendo de outra.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Eu queria... eu queria...indagar: V.Exa, no caso, viu, não está editado nas fitas que o senhor, que V.Exa. trouxe à... à CPI, mas a declaração do... do Romário ainda durante o... o problema, lá, em São Januário, no.. no campo...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - No final do jogo.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - ... no final do jogo, em que ele diz que não havia nenhuma condição de continuar, devido a tantas pessoas feridas, ao trauma que tinha sido causado. O senhor não acha que foi exatamente nesse mesmo espírito que o Governador Anthony Garotinho tomou uma decisão que, no meu entender, correta de... pela suspensão do jogo?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Ouça, ouça...

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Um atleta experiente, que é...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - ... meu caro, meu caro...

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - ...o símbolo do time de V.Exa.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - ...meu caro, meu caro Deputado, eu não vou julgar aqui a atitude do Governador. Eu quero... Eu tive oportunidade aqui de colocar a atitude dele comigo. O problema dele, o problema do Governador foi comigo. Eu não... eu não, eu, eu já disse aqui que a pessoa que... que mais queria que não tivesse jogo era eu. Agora, eu mostrei aqui o que aconteceu. Eu recebo... Eu vou ter que repetir isso exaustivamente, vem o Coronel Paulo, me procura com as seguintes palavras: "Deputado, eu venho a mando do Governador, vai ter o jogo, o jogo vai ter o reinício em três minutos, eu só vou falar ali com o... com o cidadão da PM, lá, o comandante da PM e vou..." Volta, dá uma declaração: "O estádio é seguro, a PM garante, o Corpo de Bombeiros, etc." Pela primeira vez, pela primeira vez, eu declarei que ia ter jogo. A partir dali... Pela primeira vez, me perguntam, eu declaro que vai ter jogo e saio.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Mas me diga uma coisa.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não, deixa terminar.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Termine.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Pra ver o que que eu falei. Eu saio. Vou pro vestiário. Sete minutos depois ou seis minutos depois, ou sei lá, adentram e me falam: "Ó, o jogo acabou porque o Governador cancelou." Cada um reage de uma forma. Eu achei que o mínimo que o Governador tinha que fazer, se ele mandou um recado pra mim, mandava um outro e dizia assim ó: o jogo... Nada disso teria acontecido se ele me manda, da mesma maneira como me mandou o primeiro recado, me manda o segundo. Eu vou suspender o jogo. Tá bom, tá suspenso. Você acha que eu ia me insurgir contra isso? Eu me insurgi contra a atitude dele comigo. Ele, primeiro, não tinha obrigação de me procurar, se ele tivesse suspendido o jogo sem... sem antes ter me dito que o jogo ia reiniciar, a mando dele, que era um enviado, não teria tido nenhum problema. Aplausos, ótimo, maravilha, tudo bem. Mas ele me procura e me diz que vai ter o jogo e, seis minutos depois, diz que não vai ter o jogo, aí, Deputado, perdão.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Eu queria, pra... pra... pra finalizar, tentar entender o que eu não estou entendendo nem no seu depoimento, no depoimento de V.Exa, nem no que eu li, nem no que eu vi durante... no dia do jogo. Eu vi o Presidente do São Caetano dizer que estava sendo pressionado ao jogo continuar, e ele não queria que... que houvesse o jogo. Eu vi V.Exa. fazer um depoimento aqui e apresentar uma fita que foi editada pela sua Assessoria, mostrando que V.Exa. teve preocupação com as pessoas feridas, que V.Exa. declarou, durante sua intervenção, de que não... que não queria... quem entende de futebol sabia que V.Exa. não queria o jogo de jeito nenhum, e eu vejo V.Exa. dizer que não é autoridade no Vasco, que vai ser só do dia 16, mas eu não vi nenhum delegado da... nenhum delegado da... da CBF ou da... do Clube dos Treze tomando providência, quem estava tomando e comandando era... era V.Exa., né, a que título não ficou claro, eu devo lhe dizer, até o presente momento. Então, se o São Caetano não queria, ao senhor não interessava, e o jogo não interessava, pelo seu depoimento, à Rede Globo, o Governador não queria, eu não entendi, a torcida, ao meu ver, saiu do... do campo sem grandes revoltas, né, então... e, no final, o senhor estoura em cima do Governador, que cancelou o jogo. Eu não entendi exatamente isso, ou seja, ou tem... interessava ao Divino Espírito Santo que o jogo acontecesse, né, porque não interessava ao São Caetano, não interessava ao senhor, não interessava... não interessou ao jogador, a... a... aos jogadores, que disseram que não tinham condição física, é, então, e, mais do que isso, o que me estarrece é que ninguém falou nas condições que as pessoas ficam nos... nos campo de futebol desse País. Não é só em São Januário, é nesse País afora, como se fosse bicho, quer dizer, e... e são eles que fazem o futebol, que movimentam o senhor com... com mandato, V.Exa. com mandato, o seu clube só vive porque tem torcedor, e as pessoas, parece que os torcedores ficam como resto do resto da conversa. Então, essa lógica é que não está fechando, Deputado Eurico Miranda. Por que, por que não se cancelou o jogo numa tranqüilidade, né? A quem estava fazendo ali... era a Polícia, foi alguém do Clube dos Treze, quem é que estava pressionando o São Caetano pra ter jogo?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É que, tendo que falar esse negócio todo é, fica, não dá pra entender, realmente, o que... o que eu não consigo entender é como é que V.Exa, eu... eu lhe dando isso aqui com... com limites, com tempo zero, o tempo todo, quinze, tempo vinte, não tenha entendido como a coisa funcionou. E me obriga, apesar do... do... do Presidente... do Presidente... do Presidente me querer limitar, eu tenho que me estender, pra tentar... tentar mostrar o que aconteceu. Veja bem, uma coisa... tendo um fato...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - V.Exa. não conseguiu mostrar o que aconteceu até agora, Deputado Eurico Miranda? Nós começamos o depoimento às 3h e...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Ele é que está dizendo. Ele é que está dizendo, eu mostrei... eu já mostrei...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - ...e 50... e 30, às 3h30 da tarde.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Eu já mostrei. Ele é que não chegou a essa conclusão, Deputado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Me permita, por favor. Na condição de Presidente. Nós começamos o depoimento às 15h30, são 19h15, e V.Exa. diz que vai agora demonstrar o que aconteceu.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, eu não vou demonstrar não. Vou tentar demonstrar pra ele. Não, eu não disse isso.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Gostaria que V.Exa. fosse breve, pra que a gente pudesse ouvir os outros inscritos ainda.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Presidente, calma, calma. Tudo bem, pode... V.Exa. pode... o problema é... não pode é ter esse juízo, não pode é terminar com esse juízo que foi colocado aqui. Que isso não foi o que se passou. A gente... mais uma vez, eu ter que enfrentar distorção de fatos, é que eu não posso enfrentar distorção de fatos. O caso é o seguinte: eles têm uma... uma... isso é cronológico, eu já expliquei. Nós estamos tratando... eu só me preocupei, única e exclusivamente, com o atendimento de feridos, não tinha outro entendi... outro problema pra mim. O comandante do... do policiamento disse, em determinado momento, passado vinte e tantos minutos ou trinta minutos, disse que ele não ia se responsabilizar pelo que estava acontecendo, que... que o que essa torcida pudesse reagir e foi ao árbitro. O árbitro disse que ia começar o jogo, que ia dar o jogo se tivesse garantias. A entrevista que V.Exa. viu do Presidente do... do... do São Caetano, viu do Presidente do São Caetano, mas não viu minha, viu do Presidente do São Caetano dizendo que ele não queria o jogo justamente porque o árbitro disse que ia dar o jogo, que é autoridade, ele não queria e que tinha sido ameaçado por não sei quem etc., etc. Tudo bem, até aí não tem nenhuma participação minha nesse episódio, porque ninguém veio me perguntar nada, se eu... se eu queria jogo, se eu não queria jogo, se eu estava... se estava tratando de alguém ou não estava tratando de alguém. Eu estou preocupado em resolver o problema que estava acontecendo. Em determinado momento, em determinado momento, quando isso já tinha acontecido, apareceu dos céus, desceu de helicóptero este cidadão chamado Coronel Paulo, que vem a mim e diz que veio a mando do Governador, porque ia ter o reinício do jogo. A partir daquele momento, foi a única vez, a única vez que eu disse que ia ter o jogo, foi a única vez que eu disse que ia ter o jogo. Ponto. A participação foi essa. Quanto às... a... às condições do torcedor, à segurança do torcedor, ao trabalho que é feito pros torcedores, para a necessidade, eu devo dizer ao ilustre Deputado: também é meu convidado, vai lá ver o que que é feito pro torcedor no Vasco, V.Exa. vai ver o que que é feito pro torcedor no Vasco. Não é, não é uma partida de futebol, uma instituição como a minha não é para ser julgada por um fato, por uma partida de futebol; é pelo que ela realiza e pelo que ela representa. Isso aí é que tem que ser visto, não pode se fazer esse julgamento precipitado, aqui, aqui não se está... eu não vim aqui me defender de coisa nenhuma, primeiro lugar eu quero dizer isso, com toda a clareza. Eu não vim me defender de coisa alguma, eu vim com a intenção, com o meu coração aberto, com respeito a esta Comissão, para tentar passar... O Ronaldinho disse aqui uma... disse a verdade verdadeira, como ele disse. Cada um tem a sua verdade. Eu vim trazer a minha verdade. Tem uma verdade que foi passada. V.Exa. e a maioria têm uma verdade que foi, que lhe foi induzida, diante de algo que lhe foi apresentado, diante de uma seqüência que lhe foi, que lhe foi colo... Eu mostrei aqui como é que se passa e como é que se fazem as coisas. Qual é a intenção? Não quero discutir isso. O que eu quero, mais uma vez, reafirmar aqui, é o seguinte: o meu clube está absoluta e inteiramente aberto pra que vejam o que o meu clube faz. Eu tenho o maior interesse em que os problemas que nós temos hoje, que atingem o futebol brasileiro, atingem os estádios, eles sejam verificados, eles sejam corrigidos. O que a gente não pode é penalizar aqueles que têm ainda alguma coisa. O meu clube está sendo penalizado por ter um estádio!

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Conclua, Deputado.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - E se não tivesse?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Conclua, Deputado Eurico Miranda, por favor.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Então, esse tipo de coisa é que eu estou tentando mostrar, e sem nenhum receio, e sem nenhum... E vim aqui com a maior tranqüilidade, Deputado, de dizer que, em qualquer momento, nós... O meu clube é um clube absolutamente fechado, só intere..., só interessa aos vascaínos. Mas, pra esta CPI, passa a ser um clube aberto, pra esta CPI. Não pensem os outros que vão seguir no caminho da CPI e que vão ter a mesma abertura dessa CPI, não. Prome... O meu clube é um clube fechado, que interessa única e exclusivamente aos seus torcedores e associados, mas vai passar a ser um clube inteiramente aberto a essa CPI.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Só pra encerrar, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Para concluir, Deputado.

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - O Presidente do Vasco, no exercício, estava no campo naquele dia?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Estava, mas olha, vamos...

O SR. DEPUTADO EDUARDO CAMPOS - Não...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Tem esse dado também. Estava, mas eu... eu, quando eu fiz essa colocação pro Deputado José Genoíno, é porque eu sei muito bem qual é a intenção. Eu quero dizer o seguinte: eu sou, não sendo o Presidente, eu sou o responsável moral por qualquer coisa que venha a ocorrer em relação ao Vaso, a São Januário, eu sou o responsável moral, não vou tirar nunca a minha responsabilidade. Quanto a isso, não vou tirar. Eu sou... Posso não ser, posso não ser, juridicamente, o responsável, mas sou o responsável moral. Isso não tem nenhum problema.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Concluiu, Deputado Eduardo Campos? O próximo inscrito, o penúltimo, é o Deputado Jurandil Juarez. Tenha V.Exa. a palavra, Deputado Jurandil Juarez.

O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ - Sr. Presidente, Srs. Deputados, meu caro Deputado Eurico Miranda, considerado tudo o que já foi dito, estamos com uma sessão muito demorada, eu gostaria de começar lembrando que, antes desse jogo com o São Caetano, nós tivemos duas decisões em São Januário. Podemos chamar de decisões. A primeira do jogo do Palmeiras e a outra o jogo do Cruzeiro. E, nesse, nesses dois jogos, as coisas correram normalmente, me parece que os incidentes não foram de monta, ou se sequer eles existiram. Isso quer dizer que houve uma excepcionalidade, quer dizer, foi um caso fortuito ter ocorrido naquele jogo, porque poderia ter ocorrido nos dois, que tinham anotação também expressiva. Neste caso, concretamente, o campeonato, ele tem uma empresa promotora, não é, que foi citado o nome dela, tem o Clube dos Treze, que é o dono do campeo..., que é a dona do campeonato e tinha o Vasco, que tinha o mando do jogo, para usar uma linguagem do esporte. Queria lhe perguntar, nobre Deputado: qual a responsabilidade do Vasco da Gama no caso do jogo e, pra efeito até de responsabilidade civil, qual a posição do Vasco? Ele era dono do jogo, ele vendeu ingresso, ele era dono do espetáculo, ele tinha promovido, qual é exatamente a situação do clube neste imbróglio?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Bom, aí tem diversas responsabilidades, né? Em primeiro lugar, eu quero dizer que nessas decisões... Nós tínhamos nesse campeonato, e não era uma partida desse campeonato, era... Uma era de uma competição, que era da MERCOSUL, que foi com o Palmeiras, a outra, com o Cruzeiro, era da João Havelange, nós tínhamos tido, anteriormente, decisões em São Januário, como foi a da Libertadores, absolutamente sem nenhum problema. Mas, justamente, não teve público nesses dois jogos. Contra o Cruzeiro, acho que foram 15 mil pessoas, contra o Palmeiras, acho que foram 20 mil pessoas. O Vasco veio de um resultado contra o Palmeiras, ninguém esperava, aconteceu. Depois, veio para o outro resultado contra o, contra o Cruzeiro, todos esperavam um resultado diferente. Para o Deputado ter uma idéia, naquele jogo com o Cruzeiro o Vasco saiu para jogar contra o Cruzeiro, no Mineirão, à uma, às 13h30min, do Aeroporto do Galeão, 13h30min saiu um vôo fretado do Aeroporto do Galeão, para o Vasco jogar uma partida no Mineirão às 16h. Chegou lá, o Vasco ganhou. Infelizmente, o Vasco ganhou, porque o Vasco não ia pra, o Vasco não iria para a final. Eu vou repetir para V.Exa.: saiu às 13h30min, do Galeão, para uma partida às 16h. Ganhou, se classificou para a final. Bom, e aí teve esse jogo com o São Caetano, passou. Agora, responsabilidade, que é o que V.Exa. quer saber, responsabilidade...

O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ - Se... para colocar melhor, se, num jogo qualquer, uma pessoa morrer num acidente lá, qual é a responsabilidade que tem um clube, sendo proprietária, o clube sendo proprietário do estádio, do palco...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Há uma... Eu sei, eu quero lhe colocar. Há uma... Por isso que eu quero dizer as diversas responsabilidades. E, como tem, o Vasco tem uma apólice. Em todos os jogos feito pela Federação têm uma apólice de seguro, com uma cobertura para morte e invalidez. Então, todos os torcedores, de cada ingresso é retirado um determinado valor, o borderô do jogo está aqui, que garante isso. Essa é uma das responsabilidades. A responsabilidade pela... pelo... por requisitar o policiamento, por requisitar Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, etc., toda ela compete a quem organiza o jogo. Quem organiza o jogo? É a Federação. Por delegação, a Federação local, ela organiza o jogo, então, ela é que faz esse tipo. Quem é a responsável pela elaboração do borderô? A Federação. Quem é o responsável pelo ingresso dentro do estádio? Os fiscais da Federação, o clube, normalmente, bota também os seus fiscais, mas a responsabilidade é da Federação.

O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ - Nesse caso, objetivamente, o excesso de lotação, ou o número de 40 mil torcedores colocados dentro do estádio seria responsabilidade então da Federação, ou do Vasco?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Em última análise, em última análise, você vai colocar sempre... a responsabilidade vai cair em cima do Vasco, mas a responsabilidade pela fiscalização, por impedir o ingresso, por não deixar, até por colocar à venda mais ou menos, é a Federação.

O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ - O número de 31 mil e poucos ingressos, já citado aí insistentemente, foi o que foi colocado à venda. Mas se fala num número em torno de 40 mil pessoas presentes. Essa diferença, numericamente, já é sugestiva, dá aproximadamente 9 mil torcedores, mas, percentualmente, ela chama muito a atenção, porque significa aproximadamente 30% a mais de torcedores. Quem seria responsável na eventualidade de ter ocorrido esse fato? Quem deixaria entrar, porque, sim, tem jornalistas, tem o policiamento, tem os fiscais, tem os menores, que não pagam, tem outras categorias também que não pagam. Mas seria normal assim 30% a mais?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, mas não tinha 40 mil pessoas no estádio. Se, mostrando as imagens que tem, as fotografias que tem, as próprias imagens que eu mostrei, 40 mil pessoas no estádio não permitiria aquele, aquele afastamento entre as pessoas. Esse número não corresponde. E esse número não é um número... Eu acho que talvez, na minha ótica, deveria ter no estádio 35 mil, 36 mil pessoas.

O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ - Nobre Deputado, eu tenho uma visão legalista da imunidade parlamentar, eu considero que isso não tem discussão política, eu vejo do ponto de vista legal. Mas, na semana que passou, especialmente a que passou, o seu nome foi muito citado, devido às declarações no calor lá do acontecimento, e foi cogitado até a cassação do seu mandato, em função do que se, eventualmente, chegaria à conclusão de haver quebra de decoro parlamentar. Insistentemente colocada a questão, V.Exa. disse que é Deputado 24 horas, e eu também acho que todos nós somos Deputados 24 horas. Sinceramente, o senhor acha que quebrou o decoro parlamentar ao fazer as declarações que fez? E seria o caso de, olhando como Deputado, esta Casa aqui apreciar um eventual, uma eventual quebra de decoro parlamentar?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não sei...

O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ - Se não fosse o Eurico Miranda, o senhor acha que ...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Ah, sim...

O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ - ...essas conseqüências teriam...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - ...se eu não fosse o... Eu já ouvi aqui, eu já ouvi aqui chamar um ao outro de ladrão, chamar um ao outro disso e daquilo, eu não vi nada de quebra de decoro parlamentar. Se dito por mim... Eu já ouvi alguém chamar o Presidente da República de frouxo, e não aconteceu nada.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Mas, só para esclarecer V.Exa., V.Exa. está dizendo "aqui" no sentido figurado, e não aqui dentro da CPI.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, não, na CPI não. Não, eu já ouvi aqui, no Congresso, já ouvi aqui, no Congresso. Se isso, se dito por mim é quebra de decoro parlamentar, aí eu não sei.

O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ - Como V.Exa. encararia um processo por falta de decoro parlamentar nessas circunstâncias?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Como eu encararia? Eu... Sei lá, eu acho que eu nem encaro isso, né? Eu acho que não... Sinceramente, eu não... eu não... Cada um tem o seu conceito, né? Eu acho que eu tenho um conceito nesta Casa, eu... Sinceramente, se eu não me sentisse bem aqui, eu já tinha saído, eu não... não dependo desta Casa, não há hipótese. Na minha vida eu não, eu não dependo disso, não tem nada a ver comigo, mas eu me sinto bem aqui, aqui eu fiz muitas amizades, eu me sinto muito bem. Eu acho que tenho, que tenho tido manifestações que... que... que... pelo menos pessoais, que me dão motivos para que eu, que eu, que eu continue, mas, sinceramente, eu não... Não vai desabar o mundo, não. Não vai desabar o mundo, o mundo não desaba.

O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ - A minha última pergunta: uma revista de circulação nacional nesta semana traz uma reportagem relativamente extensa a seu respeito.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Uma não, todas.

O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ - Mas uma, uma delas eu queria me referir, porque tangenciaria também o que nós pretendemos aqui, que seria tratar da modernidade, ou da modernização das estruturas do futebol brasileiro. E ela faz uma conclusão interessante, ela traz uma conclusão interessante, quando ela trata, de um lado, da competência dos dirigentes do esporte brasileiro e o atraso em que as estruturas do futebol estão mergulhadas. E ela, numa espécie de síntese, a reportagem o coloca como entre os mais, mais competentes dirigentes do futebol brasileiro e, no entanto, aquele que mais representa o atraso, dizendo que o senhor é autoritário, que é truculento, que mantém uma relação antidemocrática com os funcionários do clube, com a imprensa, enfim, coloca, numa mesma pessoa...

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Desculpe, fazendo um reparo, tirando os funcionário do clube, V.Exa. siga, por favor.

O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ - Citado jogador de futebol na reportagem. Coloquei funcionários pra dizer os jogadores de futebol. Mas fica interessante porque lhe dá uma... lhe coloca numa síntese. O senhor acha que há incongruência? Não há uma correlação entre o progresso, a modernidade, o avanço e a competência que um dirigente de futebol possa ter? Ou é intrínseco isso, mas estrutura dos clubes, mesmo competente, mesmo dinâmico, um bom administrador, o dirigente tem que ter essa imagem assim de autoritário, antidemocrático?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É.

O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ - Ou esse... pra finalizar, ou esse é só o Eurico Miranda?

O SR. DEPUTADO JOSÉ GENOÍNO - Eu queria só acrescentar uma perguntinha, eu estava num debate, e um juiz de futebol disse que pra ser juiz e árbitro de futebol tinha que ser meio psicopata. Usou essa expressão.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - É, depende do que a gente passa, né? Eu conheço, por exemplo, Deputados que passaram coisas que não podem nem contar, não é? E, de repente, eles são obrigados a ter um tipo de atitude e tal. A gente, na vida, cada um no seu segmento, passa por determinas coisas. Eu tenho trinta anos que eu milito num clube de futebol, no meu clube. Eu nunca me interessei por dirigir absolutamente nada, por participar em nada que não fosse o meu clube. Eu tenho os meus negócios, as minhas coisas, mas jamais eu participaria de qualquer uma outra coisa que... que fosse ligada ao esporte ou ao futebol, porque eu sou absolutamente parcial, quer dizer, se você quiser saber, eu sou parcial em relação à visão que eu tenho do meu clube, à paixão que eu tenho do meu clube. O certo e o errado para mim terminam, terminam aonde o interesse do meu clube está sendo atingido, aí, isso é uma, é uma colocação que eu posso, posso lhe fazer. Agora, essa imagem de truculento talvez seja da pessoa que enfrenta determinadas situações. Eu enfrento as situações, eu sou capaz de impedir que o... Por exemplo, eu faço um esforço enorme pra ter 3 mil atletas, pra sustentar 3 mil atletas, e vem o Ministro e diz que o, que o meu projeto é apenas pra usar esses atletas, e eu tenho que dizer que o negócio dele é plantar café. Eu sou capaz de dizer isso e digo e vou dizer sempre. Porque quem diz, faz esse tipo de colocação... Eu sou capaz , eu boto um time de basquete, eu boto um time de vôlei, eu boto um time de handebol, eu boto o time pra jogar, pra aparecer na televisão. A televisão, eu pago aos jogadores, eu pago ao... ao... ao... ao estádio, eu pago as despesas todas do estádio, e vem o indivíduo da televisão, transmite aquilo, não me paga um centavo e ainda me esculhamba. Aí eu sou capaz de chegar lá e dizer que o meu time não vai jogar, que ele não vai entrar mais no meu campo, eu sou capaz... Eu sou autoritário nesse ponto. Eu sou capaz de pegar uma emissora de rádio, e ela ir no meu, no meu campo e dizer assim: "Isso aqui, isso aqui é uma pocilga, isso aqui não vale nada." E tome Brahma, tome não sei o quê, está recebendo para falar, esculhamba aquilo que me custou, e eu não recebo nada. Aí eu sou capaz de enfrentar e dizer assim: Aqui você não entra. Então, eu passo a ter essa imagem de truculento. Agora, digo pro Deputado o seguinte: também está convidado, está convidado, vai lá, está convidado a ir lá e ver, e procurar os meus funcionários, perguntar se os funcionários, o que que eles acham de mim, perguntar ao pessoal que está em volta, os carentes, o que que eles acham, perguntar a esses atletas o que que eles acham. Vê se o pessoal tem interesse em saber que moram lá mais de 400 pessoas. É só a gente constatar esses dados, e aí vão ver qual é a imagem que tem e o que é. E eu tenho muito mais interesse na minha instituição do que em qualquer outra coisa, pode estar certo disso. Então, eu não tenho nenhuma preocupação. Eu volto a repetir, eu vim aqui, eu vim aqui fazer esse relato em respeito que eu tenho com os meus companheiros, senão pode contar que eu não viria mas de jeito e maneira nenhuma. Se eu não tivesse respeito pelos meus companheiros, eu é que me propus pra vim, para mostrar. Uma coisa é o que eles dizem, uma coisa é o que eles colocam, e outra coisa é a verdade dos fatos. E quem me conhece sabe, doutor, quem me conhece sabe.

O SR. DEPUTADO JURANDIL JUAREZ - Deputado, mais uma última consideração. Considerando o objetivo desta CPI, supunha que a gente consiga um dos nossos principais objetivos, que é criar condições pra mudança na estrutura do futebol brasileiro. Que a gente tenha, no conceito de modernidade, essa mudança. Sobreviveria o estilo Eurico Miranda?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não sei, talvez eles queiram acabar. Olha, o meu clube não deve nada a ninguém, eu tenho, vou repetir, eu tenho 3 mil atletas, meus jogadores de futebol estão aí, o meu time está aí dessa maneira, quer dizer, se esse não é o estilo bom, se o estilo é o outro. O Deputado me perguntou, o Deputado Eduardo Campos, se eu devo ao INSS, se eu não devo ao INSS. Eu não devo ao Imposto de Renda, eu não devo absolutamente nada. Se esse estilo tem que acabar, se o estilo tem que ser... se o estilo bom é o outro, que prevaleça o outro. Se o estilo que tem que... que tem que prevalecer é permitir que esses estrangeiros venham aqui e tomem conta das nossas instituições, aí vai. Enquanto tiver o Eurico Miranda, o estilo Eurico Miranda, vai ser difícil. Pelo menos no meu. Lá no meu clube, não vão entrar com essa facilidade que eles pensam, não.

O SR. PRESIDENTE (Deputado José Genoíno) - O último Deputado inscrito é o Deputado Paulo Mourão. O Presidente da CPI solicita que continuemos presentes, porque vamos, no final, tomar algumas decisões importantes na CPI.

O SR. DEPUTADO PAULO MOURÃO - Sr. Presidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Parlamentares, Sr. Presidente, em primeiro lugar, parabenizar pela competência do trabalho que tem sido desenvolvido nesta CPI. O Presidente, Deputado Aldo Rebelo, tem conseguido desempenhar e trazer, justamente, uma das comoções popular mais forte no País, que é o futebol. E juntamente com o meu companheiro, Deputado Silvio Torres, e o nosso Relator. Sr. Deputado Eurico Miranda, eu, de certa forma, me sinto esclarecido, todas as minhas dúvidas, na explanação que V.Exa. aqui o fez. E quem lhe conhece sabe do tom de franqueza que o senhor sempre usa nas suas ponderações. Eu, em particular, entendo que a fita que V.Exa. aqui colocou e explanou nesta Comissão, em uma ordem cronológica, dando explicações a todo instante, nos fez, logicamente, reconhecer e desvendar os equívocos, que agora sinto que foram equívocos, propagados pela imprensa, e não entendo a forma com que tem sido feito o massacre em cima de V.Exa., de decoro parlamentar, de quebra da sua condição de Parlamento, e eu não posso entender. Aqui o senhor coloca, justamente, fatos desvirtuado pela imprensa, imagens montadas de momentos de helicóptero descendo, apanhando os feridos, em momentos já do final do início do jogo, do reinício do jogo. Isso pra mim é muito grave, porque, ao mesmo tempo que se fala em quebra de decoro parlamentar, quebra do decoro parlamentar do Deputado Eurico Miranda, se deveria questionar a imprensa se esses fatos que aqui o senhor coloca, e coloca de uma forma contínua, não há interrupção, então são comprovados que são os verdadeiros, e por que houve a imprensa tentando modificar os fatos, tentando montar fatos. Eu acho que cabe a esta CPI fazer, justamente, investigação a isso, saber com quem está a verdade. Porque é verdade que V.Exa. talvez fosse o único naquele momento que não gostaria do jogo continuar. Era na casa do Vasco que estava tendo aquele lamentável incidente com vários feridos. E aqui eu vejo V.Exa. ser questionada, questionado por que que houve o rompimento da grade de proteção, da grade de divisão. E se essa grade não se rompesse? Imagine-se milhares, centenas de pessoas feridas, mortas. Agradecemos a Deus aquela grade ter-se rompido, os feridos, todos, ferimentos leves. Acho que foi justamente de bom senso sim o que o Governador fez, Deputado Eurico, apesar de discordar de V.Exa. nesse ponto, de suspender os jogos, o jogo. Não tinha ali sentimento, a emoção estava muito forte, não tinha clima para a continuidade daquele jogo. E foi de bom senso a suspensão. Mas aí uns querem lhe imputar a responsabilidade por não ter tido jogo; outros querem imputar a responsabilidade por o jogo ter quase reiniciado. Enfim, o que querem é falar de V.Exa. Eu acho que é, foi uma demonstração de extrema competência do Governo do Rio de Janeiro a forma competente de atendimento aos feridos. Não se vê isso em outros países que ocorreram incidentes graves em estádios, a forma não foi tão competente como o Governo do Rio atendeu, sim, as pessoas feridas naquele lamentável incidente. Mas o que eu quero, Deputado Eurico Miranda, é lhe dizer que V.Exa. conseguiu sanar as dúvidas que eu tinha, conquanto a todo esse turbilhão de denúncias contra a sua pessoa, de fatos que estão aí a serem esclarecidos e mal colocados à população. E eu lembro, Deputado Eurico Miranda, o Ex-Ministro Alceni Guerra, massacrado, execrado. Hoje estive com o Ministro Alceni Guerra, e eu o parabenizei pela forma paciente, mas obstinada, de provar à população brasileira de que ele não era o mau caráter que foi colocado para o povo. Só que ele nunca mais teve um palanque pra dizer ao povo que aquilo que estavam sendo colocado não eram verdades. Ele coube à Justiça, e buscou a Justiça para desmascarar aqueles que o execraram. Publicamente, muitos, milhares de brasileiros, milhões de brasileiros ainda têm a imagem do corrupto Alceni Guerra. Mas ele está com a consciência tranqüila e limpa, como sempre o teve, que foi um equívoco colocado sobre a pessoa dele. V.Exa. tem, hoje, justamente, esta condição de Parlamentar para dizer o que pensa e ser franco como sempre foi. E o que eu quero e gostaria era que o senhor continuasse com esta franqueza, porque são poucos os Parlamentares que têm essa coragem de enfrentar e dizer as verdades. Eu gostaria era que pudesse, aqui, a CPI pudesse buscar aonde está a verdade, se a fita que o Deputado Eurico Miranda colocou ou se a fita que a imprensa publicou para todo o Brasil, modificando os fatos. E quero também, Deputado Eurico, dar um testemunho desse trabalho social que o Vasco faz a todo o Brasil. O meu Estado, o Tocantins, é beneficiado. A FUNDAV - Fundação de Direito à Vida tem um convênio com o Vasco, e lá é atendido 1.200 crianças carentes. Crianças que já estavam na marginalidade, crianças que jogam futebol descalças, com short rasgado, sem camisa e que, lá, agora, está começando a ter o apoio do Vasco da Gama. Isso é um trabalho que Governos, que Presidente deveriam estar fazendo, e tem feito o Presidente Fernando Henrique Cardoso. Eu acho que V.Exa. também, como dirigente do Vasco da Gama, tem procurado fazer a sua parte, que é o que todos nós deveríamos fazer, um pouquinho de cada um. Então, Deputado Eurico Miranda, eu não vejo motivo aqui para discutir quebra de decoro parlamentar, eu vejo motivo, sim, para se ir a fundo, se a imprensa desvirtuou os fatos, buscar os verdadeiros fatos e serem colocados ao conhecimento da população brasileira. Era isso que eu tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Muito obrigado, Sr. Deputado Paulo Mourão. Nós passamos a palavra, se houver alguma colocação ainda a ser feita, ao Deputado Relator, Sr. Deputado Sílvio Torres. Com a palavra V.Exa.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Sr. Presidente, eu tenho uma última pergunta a fazer ao Deputado Eurico Miranda, eu acho até porque a Comissão já o questionou bastante acerca desses fatos, e cada um já tem condições de fazer seu próprio juízo, sem prejuízo das investigações que, posteriormente, ocorrerão. A minha pergunta, Deputado Eurico Miranda, é que ele, como dirigente de um clube importante do futebol brasileiro e, ao mesmo tempo, como ex-participante do Clube dos Treze, diante desses últimos acontecimentos e outros acontecimentos que vêm cercando o futebol brasileiro, diria, responderia à seguinte pergunta: quem é menos competente para dirigir o futebol brasileiro, o Clube dos Treze ou a CBF?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - O Clube dos Treze não pode, não é competente pra dirigir o futebol brasileiro. Pode-se perguntar se ele é competente ou não pra dirigir uma competição. Para dirigir o futebol brasileiro, evidentemente que ele não tem competência pra tal. Se a CBF é competente pra dirigir o futebol brasileiro, a minha opinião pessoal é que ela é, ela é a legítima responsável pela direção do futebol brasileiro. Se ela está dirigindo bem, na minha opinião não! Mas que ela é a legítima representante e com a obrigação de dirigir o futebol brasileiro, isso eu não tenho a menor dúvida, porque é uma entidade que foi fundada já há muito tempo, tem no seu estatuto esse objetivo, é filiada à FIFA, é a única entidade reconhecida pela FIFA, ela tem a obrigação de dirigir o futebol brasileiro. Agora, se me perguntar, repito, que acho que deve ser isso que o Relator quer, se me perguntar se ela está dirigindo bem o futebol brasileiro, eu diria que não.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Então, só para complementar, o senhor acredita que, se se utilizasse o estilo Eurico Miranda na CBF, o futebol brasileiro estaria melhor?

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - O meu clube vai muito bem, obrigado. Talvez o futebol brasileiro estivesse indo muito bem, obrigado.

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Presidente, eu agradeço ao Deputado Eurico Miranda e passo a palavra a V.Exa. Queria só lembrar, Sr. Presidente, que há aí uma manifestação que houve do Deputado Geraldo Magela, que V.Exa. estaria já preparado para dar uma resposta a isso.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - O Deputado Geraldo Magela fez uma manifestação, uma declaração de intenção, no sentido de enviar requerimento à Mesa, solicitando o afastamento do Deputado Eurico Miranda desta Comissão. Se bem entendi, foi esse o teor da colocação do Deputado Geraldo Magela.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Na verdade, eu fiz um apelo ao Deputado Eurico Miranda, que ele me respondeu que aceitava, desde que fosse bilateral, que eu também me licenciasse. Eu aceitei que nós dois nos licenciássemos. Se ele aceitar, a partir de amanhã estaremos licenciados, se ele não, cabe a ele decidir se licenciará ou não... Se ele não se licenciar, cabe a mim apresentar, amanhã, ou no momento oportuno, requerimento, pedindo a retirada dele. E podem ter certeza que farei.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Bem, o que eu posso declarar a V.Exa. é que, quanto ao entendimento bilateral, a Comissão não tem como interferir nas negociações de V.Exas. sobre o afastamento mútuo ou não. Quanto ao requerimento sobre o afastamento de qualquer Deputado, membro titular, ou suplente da Comissão Parlamentar de Inquérito, o que a Presidência poderá fazer será invocar o art. 10º do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, no seu inciso VI, no sentido de que esta Comissão é formada por Deputados ou integrada por Deputados designados pelo Presidente da Câmara dos Deputados - o atual Presidente é o Deputado Michel Temer -, mediante indicação dos Líderes de bancadas, já que o Regimento Interno, até o presente momento, não encontrou mecanismo mais democrático para a composição das Comissões que não o da proporcionalidade partidária, julgando-se assim, por exemplo, que é mais democrática a indicação do partido do que a indicação do Presidente da própria Comissão, o que seria uma medida arbitrária, ou do próprio Presidente da Câmara. Como a Casa é formada para além das individualidades detentoras de mandato das respectivas bancadas compostas por esses Parlamentares, cada bancada, proporcionalmente, indica o número de Deputados titulares e suplentes para compor as Comissões Permanentes, as Comissões Especiais e as Comissões de Investigação. Dentro dessa interpretação, portanto, requerimento desse teor só poderá, da parte da Presidência, receber o tratamento de endereçá-lo ao Líder da bancada de cada Deputado apenas para efeito da tomada de conhecimento da manifestação de um Deputado, já que o efeito regimental carece de fundamento.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Sr. Presidente...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Com a palavra V.Exa.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Não, eu só queria comunicar a V.Exa. que, amanhã, estou entrando com requerimento, pedindo o afastamento do Deputado Geraldo Magela. E pra que V.Exa. também dê o mesmo encaminhamento.

O SR. DEPUTADO GERALDO MAGELA - Nós poderíamos fazer de comum acordo. V.Exa. aceitou minha sugestão, V.Exa. está sendo investigado. Para que V.Exa. se afaste, eu aceito me afastar, colocar meu sigilo bancário fiscal a vossa disposição.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Por favor, por favor. A Presidência responde que dará ao requerimento de V.Exa., Deputado Eurico Miranda, o mesmo tratamento regimental que oferecerá ao requerimento... ao possível requerimento do Deputado Geraldo Magela.

O SR. DEPUTADO EURICO MIRANDA - Pronto. Pronto. Está resolvido o meu problema.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - Eu gostaria de encerrar o presente depoimento, solicitando aos Srs. Deputados que permaneçam em plenário, porque temos questões decisivas a deliberar. Antes, fazendo a seguinte a colocação: mediante colocação aqui, no sentido de que um Parlamentar ou outro representa, para além dos interesses da Nação, os interesses particulares ou de um clube, ou coisa que o valha, e que não depende ou não mantém relação de dependência com o Poder Legislativo, a minha compreensão é que não só cada Deputado depende do funcionamento desta Casa e a Casa depende também da atividade de cada Deputado. A Casa, ela é a representação do povo e, na medida em que é composta por Deputados, naturalmente, depende da atitude e do desempenho de cada Parlamentar. E cada Parlamentar também depende do conjunto da ação dos Parlamentares, dos representantes do povo aqui presentes. Gostaria de fazer esse registro, para que não ficasse qualquer dúvida sobre a compreensão que eu julgo ser da maioria dessa Comissão e da imensa maioria dos integrantes do Poder Legislativo do nosso País. Gostaria, portanto, de, encerrado o depoimento, solicitar que os convidados e os jornalistas, por favor, se retirassem, para permitir o reinício da reunião de consulta e deliberação, se necessário, reservada dos integrantes da Comissão. Muito obrigado, mais uma vez, pela colaboração de todos. Suspendemos...

O SR. DEPUTADO NELO RODOLFO - Presidente, pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Aldo Rebelo) - ...a sessão por cinco minutos.

(A reunião é suspensa.)

 

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