Artur da Távola
Crônica
publicada no Jornal O Dia em 21 de agosto de 1998
Ser
Vasco é ser intrépido tanto quanto leal. É ter o sentido da história do
Brasil a fundir povos e raças sem preconceito. É ser navegante da esperança,
não temer aventura, futuro, conquistas, calmarias ou tempestades.
Ser Vasco
é renegar o temor e ser popular sem populismo, ser valente sem arrogância
e ser decidido sem soberba. É ter a vocação da vitória e a disposição
necessária à qualidade e ao mérito por saber que virtudes necessitam de
energia e energia, de vontade.
Ser Vasco
é, pois, ser virtude, vontade, valor e vanguarda: tudo com o V de vida,
o mesmo de Vasco. Ser Vasco é conhecer o grito do entusiasmo, esperar
a hora de vencer e sentir o cheiro do gol. É incendiar estádios e extasiar
multidões. É adivinhar instantes decisivos e saber decidir. Ser Vasco
é ser mais povo do que elite, mais tradição do que novidade, mais segurança
do que aparência, mais clube do que time, mais vibração do que delírio,
mais vigor do que agressão.
Ser Vasco
é ousar, insistir, renovar-se, trabalhar para construir a vitória não
como forma de superioridade, mas de aperfeiçoamento da vida e do esporte.
É gol, é gala, é garbo de uniforme original, cruz no peito, sonho nalma
e amor no coração. Ser Vasco é emoção recompensada porque vitória bem
planejada, é lance, é lança, liberdade, impulso e convicção.
Ser Vasco é sentir o gosto da felicidade, da vitória e do grito maiúsculo de gol. É ter sabedoria e prudência, unidas na tática certeira ou na organização eficaz. É viver a emoção de lembrar nomes, lendas, heróis e legendários craques, troféus, títulos, retratos, faixas, taças, copas e vitórias imortais.
Ser Vasco é ter idênticos motivos para cultuar o passado tanto quanto crer no futuro.
Ser Vasco, enfim, é saborear com humildade o orgulho sadio da vitória merecida, do entusiasmo com motivo e da grandeza como destino.